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A culpa é do pastor

O pastor chegou para mais um aconselhamento em seu gabinete. Como este ficava anexo ao templo, normalmente as pessoas esperavam sentadas em uma das cadeiras que são usadas nos dias de culto.
Sentada na primeira cadeira da terceira fila estava a irmã Joana. O pastor passou por ela e cumprimentou-a:

- Boa tarde irmã, a paz.



Antes que ela pudesse dizer algo, o pastor pediu para esperar uns minutinhos e já a atenderia. Foi para seu gabinete e fez uma breve oração. Ele já sabia que a situação da irmã era delicada. Dois ou três minutos depois, ele chama pela irmã.

- Vamos lá, irmã? Entre. Senta aqui – apontou para uma cadeira em frente de uma pequena mesa, cheia de papeis e um computador.

- Pastor, agora não dá mais. Eu quero me separar do Tiago – foi logo despejando, num tom de voz lamurioso.

O pastor ouviu atentamente toda a história. Na verdade havia sido em parte uma repetição da mesma conversa cerca de 60 dias antes. Naquela ocasião o pastor não emitiu nenhuma opinião, apenas ouviu.

Desde o início do relacionamento de Tiago e Joana que estava na cara não daria certo, porém, muitas vezes, nada que se diga muda a cabeça das pessoas.

- Pastor – continuou Joana – ontem ele quase me agrediu. Brigamos feio e eu ia até chamar a polícia... Não pastor, agora não dá mais...

- Bem irmã – orientou o pastor calma e cuidadosamente – se a coisa está neste pé... Como vocês não são casados no civil realmente não estão legalmente presos...

- Mas eu gosto dele pastor. Eu amo este homem, mas assim deste jeito não dá. Ele mesmo já disse que não quer nada mais comigo, que foi um erro a gente ir morar juntos. A casa é minha e ele quer que eu saia de casa. Veja só!

- Sei irmã. Mas você se lembra que eu a orientei que não permitisse que ele fosse morar em sua casa. Isto não seria um bom testemunho pois você ainda não está legalmente divorciada do seu ex-marido...

- Eu lembro pastor, mas é que...

- Espere um pouco, me deixa terminar. A relação de vocês não estava certa desde o começo. Agora, se vocês chegaram a esta conclusão, de separarem-se, não deixe que isto seja escandaloso para os seus vizinhos.

- Mas ele disse que não vai sair de casa. Tudo bem que depois que ele foi morar lá ele passou a pagar o aluguel, mas eu já morava lá. Ele é que veio para a minha casa.

Neste instante o pastor pensou: “meu Deus, onde eu vim amarrar meu cavalo!”. Mas, como pastor, ele precisava ajudar a irmã.

- Bem, eu sei que o irmão Cássio tem uma casinha para alugar. Posso falar com ele e você se mudaria para lá. O importante é não envolver polícia, litígio. Vamos evitar o mau testemunho.

- Ah, pastor, o senhor faria isto? – A irmã suspirou em tom de alívio e agradecimento.

O pastor coçou a cabeça, franziu a testa e pensou que poderia se arrepender disto, mas... Fazer o quê? Pastor é para isso. Dois dias depois o pastor chega em casa e a esposa logo diz:

- Já sabe o que aconteceu?

Diante da cara de interrogação do marido e já sabendo que viria bomba por ai, a esposa não esperou qualquer resposta.

- A Joana e o Tiago estão juntos de novo. E agora espalharam para todo mundo que foi você que aconselhou ela de separar dele. Que eles não vão se separar e vão sair da igreja.

Antes que o pastor fechasse a boca, pois neste momento seu queixo já batia em seus pés, a esposa sentenciou:
- Viu! A culpa é sua!

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