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Judeu é judeu. Gentio é gentio. Uma só igreja

Concílio de JerusalémIntrodução
Atos 15 é tido como o primeiro Concílio da Igreja. Concílio é a reunião dos principais líderes teólogos da Igreja para dirimir alguma controvérsia em questão de fé. Ao longo da história, tivemos vários, sendo os de maior importância para cristãos Católicos Romanos, Ortodoxos e Protestantes, os seguintes (excetuando este de Atos 15): Concílio de Niceia I, convocado no ano 325; Concílio de Constantinopla I, do ano 381; Concílio de Éfeso, do ano 431; Concílio de Calcedónia, do ano 451.

O Concílio de Jerusalém se deu porque alguns convertidos judeus fariseus insistiram na prática de certos aspectos da Lei de Moisés como fundamental para a salvação. Antes do cristianismo, era possível um gentio se tornar judeu, mediante a observação dos rituais mosaicos. Ao que parece, estes fariseus entendiam ser necessário uma espécie de dupla conversão: ao judaísmo e ao cristianismo.

O debate foi acalorado. Por fim, após exames das Escrituras, Pedro se levanta e argumenta que, como o primeiro a pregar aos gentios, Jesus não exigiu tais observações. Se eles (os judeus) foram salvos pela graça, igualmente os gentios (v. 11).

Barnabé e Paulo relatam os sinais e prodígios que os acompanharam. Assim, temos o testemunho de que o mesmo Deus que capacitou Pedro, também o fez a Barnabé e Paulo.

Tiago, o meio irmão de Jesus, pede a palavra e, usando as Escrituras, citando Amós 9.11-12, aplica a Palavra e conclui que não se deve impor aos gentios a observação dos preceitos da Lei mosaica.

A decisão agradou a todos pois foi não apenas uma concordância humana. Foi um ato do Espírito Santo revelado e acatado pela Igreja. Assim, os que vieram de Antioquia são despedidos com a carta contendo a decisão. Houve paz entre judeus e gentios!

O principal objetivo da solução
A solução envolve quatro instruções: contaminação dos ídolos, imoralidade sexual, carne sufocada e sangue.

Há muito debate em torno do que significam estas instruções. Algumas especulações são possíveis, mas pouco prováveis. A meu ver, a mais simples deve ser a preferível: as instruções, longe de ser preceitos legalista, são conselhos para não quebrar a linha de comunhão entre judeus e gentios.
Deus nunca quis que um gentio se tornasse judeu primeiro para depois ser salvo. Por outro lado, Deus nunca quis que um judeu se torne gentio ao ser convertido ao cristianismo. Excetuando-se os rituais que Cristo cumpriu na cruz, e não considerando como necessários à salvação, a prática dos usos e costumes da torá não precisam ser negadas.

No entanto, quando entendemos que a Igreja é essencialmente a comunhão, a vida em comum, o dividir casa, comida, com todos os que creem, as orientações são para que judeus e gentio possam sentar-se à mesma mesa e fazerem juntos uma refeição.

As restrições alimentares (Gn 9.4; Lv 3.17; 7.26; 17.10,13,14) bem como as relativas a prática sexual (Lv 18) e idolatria (Ex 20.3-5) estavam de tal forma impregnada na alma e no coração de qualquer judeu, que alguém que não considerasse profundamente tais coisas dificilmente sentaria à mesma mesa.

No verso 20, lemos: “se abstenham das contaminações dos ídolos, da prostituição, do que é sufocado e do sangue” (RA). A Bíblia de Jerusalém traduziu: “se abstenham do que está contaminado pelos ídolos, das uniões ilegítimas, das carnes sufocadas e do sangue”. A Tradução Brasileira: “se abstenham das viandas oferecidas aos ídolos, da fornicação, dos animais sufocados e do sangue”. E a NVI: “se abstenham de comida contaminada pelos ídolos, da imoralidade sexual, da carne de animais estrangulados e do sangue”.

Desta forma são três instruções ligadas a dieta alimentar e uma ao comportamento sexual. Fica muito claro que a solução não é legalista, mas orientação cristã, amorosa, para que não se crie um muro que impeça judeus e gentios sentarem-se na mesma mesa.

Em resumo: um gentio estava desobrigado de observar qualquer artigo da Lei. Nenhum judeu precisava abandonar sua tradição. Todavia, assim como os apóstolos e a igreja em Jerusalém aceitou os gentios sem imposições legalistas (veja Cornélio, At 10), os gentios também deveriam fazer o esforço de, em nome da comunhão, ao menos na presença de judeus, absterem-se daquilo que lhes era escandaloso.

Nota: óbvio que quando se fala em Lei não estamos considerando a Lei Moral, ou os 10 mandamentos. Jesus sintetizou-os em dois: amar a Deus e ao próximo. O próprio Cristo disse que quem o segue deve praticar o amor. “Um novo mandamento lhes dou: Amem-se uns aos outros. Como eu os amei, vocês devem amar-se uns aos outros” – Jo 13.34.

Aplicações
1- A salvação é pela graça. Foi e sempre será. Alcançamos a salvação pelos méritos de Cristo, que é a sua morte na cruz em nosso lugar. Pela fé (confiança) no que Jesus fez por nós, somos salvos.
2- Mas uma vez percebemos em segundo plano, o modelo de liderança eclesiástica: dois ou mais presbíteros (pastores) lideram a igreja local. A autoridade deles está alicerçada na Palavra de Deus.
3- Misericórdia quero e não sacrifícios (Mt 9.13). Suportai-vos (levantai, carregai) uns aos outros (Cl 3.13).

Conclusão
Quantas divisões a Igreja tem experimentado ao longo de sua história! Certamente, se observássemos melhor o comportamento de nossos primeiros “pais na fé”, certamente não existiriam tantas denominações e subdenominações no mundo.

Que Deus nos perdoe e nos ajude a sermos mais tolerantes. Que sigamos o conselho de Rm 12.10, dedicando-nos uns aos outros em amor e preferindo dar honra aos outros mais do que a nós mesmos.

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