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Batismo de João, de Jesus, no Espirito e as línguas

Atos 19.1-7 relata a chegada de Paulo em Éfeso, na terceira viagem missionária. Ali ele conhece cerca de 12 pessoas,identificadas como discípulos batizadas no "batismo de João". Ao receberem o batismo cristão, Paulo ora por eles, que recebem o Espírito Santo com a evidência de falar em línguas. O que isto significa para nós?

Introdução

Desde a criação, Deus se revelou aos homens. Esta revelação variou de acordo com muitos fatores, especialmente após a queda. Na diversidade de modos de revelação, uma característica inequívoca é que ela foi progressiva.



A capacidade plena (maturidade) para alcançar todo o conhecimento de Deus que ele sempre quis que soubéssemos veio somente na plenitude dos tempos (Gl 4.4; Ef 1.10).

É por isso que na primeira aliança, firmada apenas com a nação hebreia, temos a revelação da pessoa do Pai. Um Messias foi prometido, mas somente nos anos do ministério de João Batista é que veio a revelação de que o Ungido estava entre nós. João também prepara o povo para também reconhecer uma terceira pessoa: O Espírito Santo.

O ministério de João Batista
João, primo de Jesus, era elegível a ser sacerdote. No entanto, ele vai para o deserto. Não sabemos se por decisão pessoal ou se ele fora constrangido a isto. O fato é que ele é profetizado com aquele que prepararia o caminho para o Messias (Is 40.3). Esta preparação constituía em conclamar o povo a se arrepender de seus pecados. Para isto, duas características são notadas:
  1. Os pecados são apontados – por isso a pregação de João é considerada dura Mt 3.1-12; Mc 1.1-8; Lc 3.1-18; Jo 1.6-8, 19-36).
  2. O batismo de arrependimento – como um sinal, uma prova física, confissão pública de reconhecimento e arrependimento.
O batismo cristão
Assemelha-se ao batismo de João na forma – imersão. Já o significa é mais amplo.

a) Reconstituição
Uma pessoa só é cristã se passar pelo novo nascimento, que é algo espiritual. João Batista disse que Jesus nos batizaria com o Espirito Santo. A pessoa precisa ser mergulhada no Espírito para ser salva. O mergulho nas águas reconstitui, simboliza este evento espiritual. Sendo por imersão, acentua a ideia de que o crente não recebe apenas uma porção do Espírito, mas é totalmente imergido no Espírito.

b) Introduz a Trindade
O batismo de João não era em nome de ninguém. Era apenas um ritual que simbolizava arrependimento. O Batismo cristão é feito em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Jesus não explica teológica e sistematicamente, no entanto, ao colocar as três pessoas num mesmo patamar de autoridade, iguala as três. Se o Pai é Deus, também o é o Filho e o Espírito. O batizando precisa crer e professar esta fé para ser batizado.

c) Símbolo de identificação com Cristo
Se Cristo morreu e foi sepultado, no batismo por imersão o crente identifica-se com aquilo que professa: morreu para a velha natureza, morreu o velho homem (ver Rm 6.1-4).

Se Cristo ressuscitou, no batismo por imersão o crente identifica-se com a ressurreição para a nova vida. Aponta também para a ressurreição escatológica, para viver para sempre no céu.

Batismo no Espírito. Para quê?
At 1.8, “mas recebereis poder quando o Espírito Santo descer sobre vós; e sereis minhas testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria, e até os confins da terra”, nos informa o objetivo de um crente ser batizado com o Espírito Santo: capacidade (poder) para ser uma testemunha.

A palavra testemunha no grego é a mesma que usamos hoje para mártir. Ao mesmo tempo, esta palavra é a que se usa para referir-se a testemunha no tribunal. Assim, podemos nos valer de ambos os sentidos para explicar corretamente o motivo pelo qual somos batizados no Espírito.

a) Testemunho
Uma testemunha no tribunal é obrigada a falar a verdade. O réu tem o direito de ficar calado, mas a testemunha não. Pela lei, é obrigada a responder a perguntas. Assim sendo, você que é crente não pode se negar a dar testemunho de sua fé. Você é obrigado a falar.
No tribunal, se a testemunha se nega a falar, ou se ela mentir, é imediatamente punida. Aquele que se diz cristão, que ama a Cristo e que tem certeza da salvação, se se nega a fazer novos discípulo, das duas uma: ou não é crente ou está a caminho de ser punido.

b) Mártir
Pregar o evangelho requer sofrimento. Uns sofrem mais que outros. Uns são torturados, mutilados, exilados e, eventualmente, pagam com a própria vida. Outros sofrem menos. Mas todos nós temos uma dose de sofrimento por amor a Cristo.

Precisamos abrir mão de “prazeres” do mundo. Algumas vezes estes prazeres são até legítimos, mas “nem tudo me convém” (1Co 6.12).

Em todo o mundo
Se em Atos 1.8 temos a ordem para ir aos confins da terra, Lucas nos dá 4 registros para provar que os apóstolos cumpriram a sua parte. Compete a nós continuar.
  1. At 2 o Espírito desce sobre os judeus  -  Jerusalém/Judeia.
  2. At 8 o Espírito desce sobre os samaritanos  -  Samaria.
  3. At 10 o Espírito desce sobre os prosélitos  -  pessoas de outra nacionalidade, mas residentes na Judeia/Samaria.
  4. At 19 o Espírito desce sobre os gentios  -  confins da terra.
Este quadro nos mostra que “Deus amou o mundo (pessoas de todas as tribos, povos, raças, línguas e nações) de tal maneira que deu o seu filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”.

Antes de Jesus, o Espírito Santo veio somente sobre os judeus. Agora ele vem sobre pessoa de qualquer nação. E o que caracteriza mais uma nação como diferente de outra se não o idioma?

Sinal do batismo – línguas
Em Atos 2.8 lemos que os as pessoas que ouviram os discípulos eram de diferentes nações. A língua de nascimento de algumas delas não era a língua falada pelos apóstolos. Contudo, estes estrangeiros entendiam as falas dos apóstolos em sua língua materna. A título de exemplo, seria como se um brasileiro que só sabe o português fosse visitar Jerusalém e ao ouvir uma pessoa orando, percebesse que a mesma estava falando em português. Todavia, a pessoa que está orando, nunca aprendeu português na vida. Este foi o milagre das línguas em Atos. E para o quê isto aponta?

Lembremos que em Gn 11, todas as pessoas falavam o mesmo idioma. Por haver perfeita comunicação entre ele, a construção da torre avançava. Todavia, esta torre era um símbolo do mais terrível pecado: os homens queriam se passar por Deus. É como se este alguém dissesse: “a partir de hoje o deus de vocês sou eu”. Em outras palavras, subir ao céu e tirar Deus de lá, assentando-se no trono no lugar dele.

Por causa deste terrível pecado, Deus fez com que surgissem os vários idiomas diferentes. Assim, a obra cessou por causa da impossibilidade de comunicação. Quando um pedia pedra, ou outro entendia água. Tiveram que se espalhar.

Deus espalhou os homens. Agora, para juntá-los de novo, eles têm que falar a mesma língua. Para que haja conversão a Cristo, é necessário se pregar e ser ouvido (Rm 10.14).

Temos então dois objetivos pelos quais Deus demonstra de modo assombros e miraculoso que as línguas pronunciadas por quem é de fato convertido:
  1. A salvação não é exclusiva para os judeus.
  2. Deus remove qualquer barreira para que o Evangelho seja comunicado a todos os povos.
Assim sendo, o fato de termos apenas 4 vezes em que um grupo de crentes falaram em línguas ao serem batizados com o Espírito quer dizer tão somente que é uma prova, um sinal de que Deus está cumprindo o que prometera. Por isso ele sinaliza para os judeus, prosélitos e gentios.

Ninguém precisa ser batizado todo mês para provar que se arrependeu. Uma única vez por todas. Do mesmo modo, Deus deu o sinal das línguas uma única vez (para cada um dos 4 diferentes grupos). Não precisa se repetir o sinal para que creiamos na fidelidade de Deus.

Conclusão
Atos 19.1-7 principia todo um conjunto de doutrinas bíblicas, que são explicados nos demais textos do restante das Escrituras. Uma excelente oportunidade de vermos o princípio de a Escritura explicando a própria Escritura. Em síntese, esta perícope nos permite concluir que:
  1. Há diferença entre o batismo de João e o de Jesus.
  2. Um erro teológico não impede o crente de ser salvo.
  3. Um erro teológico não deve ser tolerado, mas corrigido.
  4. O Evangelho é universal no sentido de ser para pessoas de qualquer raça; todavia, nem todos serão salvos; somente os que exercem fé e arrependimento.

Caso queira ouvir o áudio:

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