Os capítulos 8 e 9 de 2ª aos Coríntios nos falam de contribuições na Igreja. Não há, no NT inteiro nenhuma referência à obrigatoriedade legal de o cristão devolver 10% de seu salário, como tem sido ainda ensinado por muitos.
Contudo, em lugar algum das Escrituras, é negado o ensino sobre a contribuição para o sustento das necessidades materiais para a existência e continuidade da pregação do Evangelho, do socorro aos pobres e sustento financeiro de obreiros de tempo integral, sejam pastores ou missionários.
Dízimo e oferta
Dízimos foram instituídos por Deus com a finalidade exclusiva de sustentar a família sacerdotal e levítica. Enquanto perdurou a Lei cerimonial, com os levitas, sacerdotes e as oferendas de animais e grãos, era mister que o povo oferecesse 10% de todos os produtos agropecuários.
No AT, todos os descendentes de Levi eram proibidos de exercer qualquer tipo de trabalho que não estivesse estritamente ligado ao tabernáculo/templo. Não podia plantar para colher ou criar gado. Logo, era absolutamente necessário que recebessem das demais tribos de Israel o necessário para sua subsistência.
Você pode ler todo o AT e verá que o dízimo nunca foi sobre o que poderíamos chamar de dinheiro: ouro, prata, pedras preciosas. Quando Deus, no AT pediu dinheiro aos israelitas, ele sempre disse que deveria ser voluntário e de acordo com a consciência individual. Deus não exigiu 10% da prata, do ouro...
Contribuição financeira na Igreja
Assim, o dízimo está fundamentalmente ligado ao ministério sacerdotal sacrifical dos rituais da antiga aliança. A Nova Aliança extinguiu por completo e totalmente a antiga. O ministério sacerdotal acabou e com ele a obrigação legal de levar o dízimo, já que este era estritamente gêneros agropecuários.
No entanto, necessidade financeiras sempre existiram. O próprio tabernáculo, para ser construído necessitou de bens outros que não gêneros agropecuários. Daí o Senhor pedir “dinheiro”. E quando o fez, conforme já dito acima, não estipulou percentual, mas sim a generosidade do coração de cada ofertante.
Este princípio, da generosidade, do altruísmo, da abnegação e, principalmente, do amor, ultrapassou a legalidade da velha aliança e se faz presente na Nova Aliança. Por isso Paulo, ao orientar a Igreja quando a estas coisas, não faz a menor lembrança ou citação do dízimo.
Nos primeiros nove capítulos de 2ª aos Coríntios, eu contei 35 referências ao Velho Testamento. Sete delas são referências diretas, as demais indiretas. Em 2Co 5.20: portanto, somos embaixadores de Cristo, pode ser uma inspiração de Ml 2.7: porque ele é o mensageiro do Senhor dos Exércitos. As palavras nos originais não são as mesmas, mas, o sentido, sim. Se admitirmos isso, podemos claramente dizer que Paulo conhecia o livro de Malaquias. Por que Paulo não cita o famoso 3.10 ao apelar para que os crentes contribuam? Nem aqui em Coríntios nem em nenhuma outra carta! Era de se esperar que o apóstolo fizesse isto, já que é neste trecho de sua carta que ele está instruindo como deve ser a contribuição.
O contexto
Sabemos que quando a Igreja deu seus primeiros passos, e se alargarmos um pouco, vamos até o final do segundo século, não existiam grandes estruturas. Nem templos ou locais exclusivos de reunião. Sabemos que os cultos eram estritamente nos lares, ou quando muito em lugares públicos. E quando Paulo aluga a escola de Tirano, talvez temos ali a única exceção à regra. Desta forma, não existia a necessidade de dinheiro para bancar as estruturas.
Quando Paulo escreve aos Gálatas, ele fala de sustento de ministros: “O que está sendo instruído na palavra partilhe todas as coisas boas com quem o instrui” (Gl 6.7). E a Timóteo ele diz: “Os presbíteros que lideram bem a igreja são dignos de dupla honra, especialmente aqueles cujo trabalho é a pregação e o ensino” (1Tm 5.17).
Ao que tudo indica, parece-nos que alguns homens que eram qualificados ao presbitério, deixavam suas profissões e se dedicavam de tempo integral em ensinar a Palavra. Por isso, a Igreja deveria sustentá-los. Fora isto, não havia despesas outras.
Assim, as doações materiais, que incluía dinheiro, era para socorrer pobres, necessitados e famílias que sofreram algum desastre. Além das viúvas crentes, conforme Timóteo nos mostra.
Os princípios
Dos capítulos 8 e 9 de 2ª aos Corpintios, temos o que eu entendo como sendo a Doutrina Neotestamentária para a contribuição financeira na Igreja. E deles, tiramos os seguintes princípios:
1- A sensibilidade para contribuir é um dom de Deus.
Naturalmente somos egoístas. “Farinha pouca, meu pirão primeiro”. Nossa natureza pecaminosa luta contra o espírito para nos fazer satisfazer nossa avareza. Sem o poder do Espírito Santo, até podemos dar muito, em termos absolutos, mas nunca damos de forma sacrificial. E uma realidade chocante é que quanto mais se tem, menos doamos, proporcionalmente.
Se você tem dificuldade de doar, ore e peça a Deus para lhe dar o dom da contribuição, a capacidade de doar sacrificialmente. A capacidade de dar mesmo quando souber que poderá lhe faltar.
2- Generoso não é quem dá muito em termos absolutos, mas em termos proporcionais.
A passagem da viúva pobre (Mt 12.42-44) é o exemplo clássico. Em 1999 eu ouvi de um pastor que um membro da igreja disse que não dava dízimo pois os pastores não sabem administrar. Ele dava apenas uma oferta: 30 mil reais. Se com este pensamento tão mesquinho e tão míope ele dava este valor, qual não seria o total de sua renda! Mas, se este irmão estava certo ou não na sua forma de pensar, ele certamente dava uma migalha. E isto demonstrava toda a sua avareza.
3- A contribuição financeira é primeiramente a Deus.
Isto é verdade! Ainda que pilantras se aproveitem desta verdade, manipulam os crentes e usufruem das doações, dos dízimos e ofertas, o pecado deles não invalida a realidade da Palavra de Deus. Quando você entrega sua contribuição no culto, você está servindo e honrando a Deus.
Outra realidade é que quando se socorre alguém que passa necessidade, primeiramente honramos a Deus, que nos manda ter tal atitude. É comum vermos viciados pedindo dinheiro para sustentar seu vício. Na maioria das vezes nos negamos a dar. Todavia, ainda que damos um dinheiro porque ele disse estar com fome, primeiramente nossa ação é creditada como sendo feita para Deus, que nos dará a devida retribuição, se ou quando dela precisarmos. “Quem se compadece do pobre empresta ao SENHOR, e este lhe retribuirá o seu benefício” (Pv 19.17).
4- Contribuição financeira não é uma ordem (lei)
Não vos digo isso como quem dá ordens, mas para provar a sinceridade do vosso amor, mediante a comparação com a dedicação de outros (2Co 8.8)
Contribuição financeira não é uma lei, como já foi dito. Ninguém na Igreja está obrigado a dar 10% de sua renda. O crente entrega o dízimo se quiser. Se não quiser, não entrega.
Veja, isto não significa que o modelo de 10% seja antibíblico. Não estou dizendo que dízimo é pecado. Estou dizendo que não é obrigatório, por constrangimento. Ele deve ser entregue quando a motivação for o amor, a generosidade, a consciência.
Amor, porque você ama a Deus em primeiro lugar. Quando se ama alguém, de verdade e com toda a paixão, não damos apenas dinheiro. Damos a vida. Jesus deu a Vida dele por nós. Qual o bem mais precioso que você tem? Sua vida. Quem não venderia tudo o que tem para cuidar da saúde? Se você ama a Deus mais do que a sua vida, dará a todos os bens quando entender que é para a glória dele. Quando mais não dará míseros 10%!
Generosidade, porque o generoso, que é contrário ao ganancioso, não pensa apenas em, ou em si primeiro. Antes, seu prazer está em dividir com quem tem menos o pouco que tem.
Consciência porque sabe em quem pode confiar. Quem é consciente de que serve a um Deus todo poderoso, que não permite que um fio de cabelo sequer se perca. Quem não conhece não confia. Se você não confia em Deus é porque não o conhece completamente. A contribuição financeira é a evidência, a prova material de que o seu amor por Deus é maior do que o seu amor pelo Mamon.
Deus não estipulou nenhum percentual para a Igreja. A relação de Deus com a Igreja não é de legalismo, mas de amor. Quem ama pouco, contribuiu pouco; quem ama muito, contribui com muito.
5- Só a vontade não basta; precisa disciplina.
Uma vez entendido que a relação da Igreja não é de lei, mas de amor, somos convencidos a contribuir. No entanto, nossa indisciplina nos leva a cometer dois erros:
a) Gastar mais do que ganhamos – com isto sobra pouco, ou nada para contribuir. E quando mesmo assim o fazemos, deixando de pagar a conta de luz para dar o dízimo, nosso sentimento não é de alegria, mas de pesar.
b) Descontrole – muitas vezes não nos organizamos corretamente e não somos pontuais. Esta falta leva a outros prejuízos e consequências desagradáveis para quem depende de nós.
Aqui entra o que eu chamo de modelo dos 10%. É por isso que ainda sou favorável que se use da prática de se doar 10% como o mínimo para o sustento da estrutura da Igreja. Além de ofertas outras sem considerar nenhum outro percentual.
Para o bem ou para o mal, criamos estruturas que carecem de recursos: prédio, água, luz, material de limpeza, decoração, som, literatura, impostos, encargos... Igrejas locais maiores necessitam de funcionários registrados, o que gera gastos diretos e indiretos. Acima de tudo, no mínimo o sustento de uma família pastoral de tempo integral.
Se estas estruturas são boas ou ruins não é o caso. O fato é que você desfruta dela e até por uma questão moral, tem a obrigação de contribuir com ela. Se não houver um mínimo de disciplina e obrigatoriedade, esta estrutura rui. Assim, o modelo de dízimo é perfeito, pois não é pesado, é proporcionalmente justo e disciplina a membresia.
6- Retribuição
“Lembrai-vos: aquele que pouco semeia, igualmente, colherá pouco, mas aquele que semeia com generosidade, da mesma forma colherá com fartura” (2Co 9.6).
Paulo provavelmente está fazendo referência a Provérbio 11.24,25: “Quem dá com generosidade, vê suas riquezas se multiplicarem; outros preferem reter o que deveriam ofertar, e caem na pobreza. O generoso sempre prosperará; quem oferece ajuda ao necessitado, conforto receberá”.
Se toda a riqueza vem de Deus, se ele é o dono de todo ouro e prata, se ele que não poupou ao seu único filho, não nos dará graciosamente todas as coisas? Estaria o Senhor mentindo ao dizer que suprirá todas as nossas necessidades se buscarmos sua vontade em primeiro lugar?
Conclusão
Estou convencido de que nossa retórica não deveria ser a veterotestamentária da lei, que diz que quem retém o dízimo será amaldiçoado. Esta realidade valeu para a velha aliança. Na Nova Aliança a relação é de amor e altruísmo. Todavia, enquanto modelo e princípio disciplinador e organizador, ter o percentual de 10% da renda como o mínimo para contribuir com a Igreja é atual e deve ser praticado.
Contudo, “ainda que eu dê aos pobres tudo o que possuo e entregue o meu corpo para ser queimado, mas não tiver amor, nada disso me valerá (1Co 13.3).
Contudo, em lugar algum das Escrituras, é negado o ensino sobre a contribuição para o sustento das necessidades materiais para a existência e continuidade da pregação do Evangelho, do socorro aos pobres e sustento financeiro de obreiros de tempo integral, sejam pastores ou missionários.
Dízimo e oferta
Dízimos foram instituídos por Deus com a finalidade exclusiva de sustentar a família sacerdotal e levítica. Enquanto perdurou a Lei cerimonial, com os levitas, sacerdotes e as oferendas de animais e grãos, era mister que o povo oferecesse 10% de todos os produtos agropecuários.
No AT, todos os descendentes de Levi eram proibidos de exercer qualquer tipo de trabalho que não estivesse estritamente ligado ao tabernáculo/templo. Não podia plantar para colher ou criar gado. Logo, era absolutamente necessário que recebessem das demais tribos de Israel o necessário para sua subsistência.
Você pode ler todo o AT e verá que o dízimo nunca foi sobre o que poderíamos chamar de dinheiro: ouro, prata, pedras preciosas. Quando Deus, no AT pediu dinheiro aos israelitas, ele sempre disse que deveria ser voluntário e de acordo com a consciência individual. Deus não exigiu 10% da prata, do ouro...
Disse o Senhor a Moisés: Diga aos israelitas que me tragam uma oferta. Receba-a de todo aquele cujo coração o compelir a dar. Estas são as ofertas que deverá receber deles: ouro, prata e bronze. Separem dentre os seus bens uma oferta para o Senhor. Todo aquele que, de coração, estiver disposto, trará como oferta ao Senhor ouro, prata e bronze. (Ex 25.1,2; 35.5).
Contribuição financeira na Igreja
Assim, o dízimo está fundamentalmente ligado ao ministério sacerdotal sacrifical dos rituais da antiga aliança. A Nova Aliança extinguiu por completo e totalmente a antiga. O ministério sacerdotal acabou e com ele a obrigação legal de levar o dízimo, já que este era estritamente gêneros agropecuários.
No entanto, necessidade financeiras sempre existiram. O próprio tabernáculo, para ser construído necessitou de bens outros que não gêneros agropecuários. Daí o Senhor pedir “dinheiro”. E quando o fez, conforme já dito acima, não estipulou percentual, mas sim a generosidade do coração de cada ofertante.
Este princípio, da generosidade, do altruísmo, da abnegação e, principalmente, do amor, ultrapassou a legalidade da velha aliança e se faz presente na Nova Aliança. Por isso Paulo, ao orientar a Igreja quando a estas coisas, não faz a menor lembrança ou citação do dízimo.
Nos primeiros nove capítulos de 2ª aos Coríntios, eu contei 35 referências ao Velho Testamento. Sete delas são referências diretas, as demais indiretas. Em 2Co 5.20: portanto, somos embaixadores de Cristo, pode ser uma inspiração de Ml 2.7: porque ele é o mensageiro do Senhor dos Exércitos. As palavras nos originais não são as mesmas, mas, o sentido, sim. Se admitirmos isso, podemos claramente dizer que Paulo conhecia o livro de Malaquias. Por que Paulo não cita o famoso 3.10 ao apelar para que os crentes contribuam? Nem aqui em Coríntios nem em nenhuma outra carta! Era de se esperar que o apóstolo fizesse isto, já que é neste trecho de sua carta que ele está instruindo como deve ser a contribuição.
O contexto
Sabemos que quando a Igreja deu seus primeiros passos, e se alargarmos um pouco, vamos até o final do segundo século, não existiam grandes estruturas. Nem templos ou locais exclusivos de reunião. Sabemos que os cultos eram estritamente nos lares, ou quando muito em lugares públicos. E quando Paulo aluga a escola de Tirano, talvez temos ali a única exceção à regra. Desta forma, não existia a necessidade de dinheiro para bancar as estruturas.
Quando Paulo escreve aos Gálatas, ele fala de sustento de ministros: “O que está sendo instruído na palavra partilhe todas as coisas boas com quem o instrui” (Gl 6.7). E a Timóteo ele diz: “Os presbíteros que lideram bem a igreja são dignos de dupla honra, especialmente aqueles cujo trabalho é a pregação e o ensino” (1Tm 5.17).
Ao que tudo indica, parece-nos que alguns homens que eram qualificados ao presbitério, deixavam suas profissões e se dedicavam de tempo integral em ensinar a Palavra. Por isso, a Igreja deveria sustentá-los. Fora isto, não havia despesas outras.
Assim, as doações materiais, que incluía dinheiro, era para socorrer pobres, necessitados e famílias que sofreram algum desastre. Além das viúvas crentes, conforme Timóteo nos mostra.
Os princípios
Dos capítulos 8 e 9 de 2ª aos Corpintios, temos o que eu entendo como sendo a Doutrina Neotestamentária para a contribuição financeira na Igreja. E deles, tiramos os seguintes princípios:
1- A sensibilidade para contribuir é um dom de Deus.
Naturalmente somos egoístas. “Farinha pouca, meu pirão primeiro”. Nossa natureza pecaminosa luta contra o espírito para nos fazer satisfazer nossa avareza. Sem o poder do Espírito Santo, até podemos dar muito, em termos absolutos, mas nunca damos de forma sacrificial. E uma realidade chocante é que quanto mais se tem, menos doamos, proporcionalmente.
Se você tem dificuldade de doar, ore e peça a Deus para lhe dar o dom da contribuição, a capacidade de doar sacrificialmente. A capacidade de dar mesmo quando souber que poderá lhe faltar.
2- Generoso não é quem dá muito em termos absolutos, mas em termos proporcionais.
A passagem da viúva pobre (Mt 12.42-44) é o exemplo clássico. Em 1999 eu ouvi de um pastor que um membro da igreja disse que não dava dízimo pois os pastores não sabem administrar. Ele dava apenas uma oferta: 30 mil reais. Se com este pensamento tão mesquinho e tão míope ele dava este valor, qual não seria o total de sua renda! Mas, se este irmão estava certo ou não na sua forma de pensar, ele certamente dava uma migalha. E isto demonstrava toda a sua avareza.
3- A contribuição financeira é primeiramente a Deus.
Isto é verdade! Ainda que pilantras se aproveitem desta verdade, manipulam os crentes e usufruem das doações, dos dízimos e ofertas, o pecado deles não invalida a realidade da Palavra de Deus. Quando você entrega sua contribuição no culto, você está servindo e honrando a Deus.
Outra realidade é que quando se socorre alguém que passa necessidade, primeiramente honramos a Deus, que nos manda ter tal atitude. É comum vermos viciados pedindo dinheiro para sustentar seu vício. Na maioria das vezes nos negamos a dar. Todavia, ainda que damos um dinheiro porque ele disse estar com fome, primeiramente nossa ação é creditada como sendo feita para Deus, que nos dará a devida retribuição, se ou quando dela precisarmos. “Quem se compadece do pobre empresta ao SENHOR, e este lhe retribuirá o seu benefício” (Pv 19.17).
4- Contribuição financeira não é uma ordem (lei)
Não vos digo isso como quem dá ordens, mas para provar a sinceridade do vosso amor, mediante a comparação com a dedicação de outros (2Co 8.8)
Contribuição financeira não é uma lei, como já foi dito. Ninguém na Igreja está obrigado a dar 10% de sua renda. O crente entrega o dízimo se quiser. Se não quiser, não entrega.
Veja, isto não significa que o modelo de 10% seja antibíblico. Não estou dizendo que dízimo é pecado. Estou dizendo que não é obrigatório, por constrangimento. Ele deve ser entregue quando a motivação for o amor, a generosidade, a consciência.
Amor, porque você ama a Deus em primeiro lugar. Quando se ama alguém, de verdade e com toda a paixão, não damos apenas dinheiro. Damos a vida. Jesus deu a Vida dele por nós. Qual o bem mais precioso que você tem? Sua vida. Quem não venderia tudo o que tem para cuidar da saúde? Se você ama a Deus mais do que a sua vida, dará a todos os bens quando entender que é para a glória dele. Quando mais não dará míseros 10%!
Generosidade, porque o generoso, que é contrário ao ganancioso, não pensa apenas em, ou em si primeiro. Antes, seu prazer está em dividir com quem tem menos o pouco que tem.
Consciência porque sabe em quem pode confiar. Quem é consciente de que serve a um Deus todo poderoso, que não permite que um fio de cabelo sequer se perca. Quem não conhece não confia. Se você não confia em Deus é porque não o conhece completamente. A contribuição financeira é a evidência, a prova material de que o seu amor por Deus é maior do que o seu amor pelo Mamon.
Deus não estipulou nenhum percentual para a Igreja. A relação de Deus com a Igreja não é de legalismo, mas de amor. Quem ama pouco, contribuiu pouco; quem ama muito, contribui com muito.
5- Só a vontade não basta; precisa disciplina.
Uma vez entendido que a relação da Igreja não é de lei, mas de amor, somos convencidos a contribuir. No entanto, nossa indisciplina nos leva a cometer dois erros:
a) Gastar mais do que ganhamos – com isto sobra pouco, ou nada para contribuir. E quando mesmo assim o fazemos, deixando de pagar a conta de luz para dar o dízimo, nosso sentimento não é de alegria, mas de pesar.
b) Descontrole – muitas vezes não nos organizamos corretamente e não somos pontuais. Esta falta leva a outros prejuízos e consequências desagradáveis para quem depende de nós.
Aqui entra o que eu chamo de modelo dos 10%. É por isso que ainda sou favorável que se use da prática de se doar 10% como o mínimo para o sustento da estrutura da Igreja. Além de ofertas outras sem considerar nenhum outro percentual.
Para o bem ou para o mal, criamos estruturas que carecem de recursos: prédio, água, luz, material de limpeza, decoração, som, literatura, impostos, encargos... Igrejas locais maiores necessitam de funcionários registrados, o que gera gastos diretos e indiretos. Acima de tudo, no mínimo o sustento de uma família pastoral de tempo integral.
Se estas estruturas são boas ou ruins não é o caso. O fato é que você desfruta dela e até por uma questão moral, tem a obrigação de contribuir com ela. Se não houver um mínimo de disciplina e obrigatoriedade, esta estrutura rui. Assim, o modelo de dízimo é perfeito, pois não é pesado, é proporcionalmente justo e disciplina a membresia.
6- Retribuição
“Lembrai-vos: aquele que pouco semeia, igualmente, colherá pouco, mas aquele que semeia com generosidade, da mesma forma colherá com fartura” (2Co 9.6).
Paulo provavelmente está fazendo referência a Provérbio 11.24,25: “Quem dá com generosidade, vê suas riquezas se multiplicarem; outros preferem reter o que deveriam ofertar, e caem na pobreza. O generoso sempre prosperará; quem oferece ajuda ao necessitado, conforto receberá”.
Se toda a riqueza vem de Deus, se ele é o dono de todo ouro e prata, se ele que não poupou ao seu único filho, não nos dará graciosamente todas as coisas? Estaria o Senhor mentindo ao dizer que suprirá todas as nossas necessidades se buscarmos sua vontade em primeiro lugar?
Conclusão
Estou convencido de que nossa retórica não deveria ser a veterotestamentária da lei, que diz que quem retém o dízimo será amaldiçoado. Esta realidade valeu para a velha aliança. Na Nova Aliança a relação é de amor e altruísmo. Todavia, enquanto modelo e princípio disciplinador e organizador, ter o percentual de 10% da renda como o mínimo para contribuir com a Igreja é atual e deve ser praticado.
Contudo, “ainda que eu dê aos pobres tudo o que possuo e entregue o meu corpo para ser queimado, mas não tiver amor, nada disso me valerá (1Co 13.3).
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