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Aos Romanos - exposição da carta de Paulo - 1.8-17

Introdução

A Igreja em Roma muito certamente fora plantada por pessoas que estiveram em Jerusalém por ocasião do Pentecostes, narrado em Atos 2. É sabido que por este tempo, em Roma havia muitas comunidades judaicas, em torno das quais se formou uma Igreja composta de judeus e gentios. Possivelmente, diversas igrejas locais nas casas. Por volta do ano 49 os judeus são expulsos, mas os crentes não judeus permanecem. Muito provavelmente quando Paulo escreve sua carta, a maioria dos membros são gentios, porém não exclusivamente.

Nos versos de 8 a 17 do capítulo primeiro da carta, Paulo deixa claro os seguintes pontos:

  1. O que é o evangelho.
  2. A esperança de receber suporte para a missão na Espanha.
  3. A justiça divina.
  4. O dever de se pregar o evangelho.

Em primeiro lugar, dou graças ao meu Deus, por intermédio de Jesus Cristo, por todos vós, pois a vossa fé é anunciada em todo o mundo. Porque Deus, a quem sirvo em meu espírito, no evangelho de seu Filho, é minha testemunha de como sempre vos menciono, pedindo constantemente em minhas orações que agora, de algum modo, pela vontade de Deus, haja boa ocasião para visitar-vos. Porque desejo muito ver-vos, para compartilhar convosco algum dom espiritual, a fim de que sejais fortalecidos; isto é, para que, juntamente convosco, eu seja encorajado pela fé mútua, vossa e minha. E, irmãos, não quero que ignoreis que muitas vezes planejei visitar-vos (mas até agora tenho sido impedido), para conseguir algum fruto entre vós, como também entre os demais gentios. Sou devedor tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a ignorantes. De modo que, no que depender de mim, estou pronto para anunciar o evangelho também a vós que estais em Roma. Porque não me envergonho do evangelho, pois é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu e também do grego. Pois a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá pela fé (Rm 1.8-17 [Alm XXI]).

O que é o evangelho?

Nestes 10 versos Paulo cita 4 vezes o evangelho: evangelho de seu Filho (9); anunciar o evangelho (15); não se envergonha do evangelho (16); o evangelho é o Poder de Deus (16); Deus se revela no evangelho (17).

a) Evangelho de Jesus – não apenas sobre Jesus... pertence a Jesus. Jesus é o dono do evangelho. Como um autor de um livro ou de uma canção detém o ­copyright da obra, ninguém mais pode fazer com esta obra o que quer. Ninguém pode adulterar ou alterar a obra do autor.

b) Dever de anunciar o evangelho – O dono do evangelho comissionou Paulo para levar este evangelho a todos os povos, raças, tribos e nações. Paulo não se vê na condição de escolher cumprir ou não esta missão. Ele foi escolhido para esta obra.

c) A mensagem do evangelho é o poder de Deus – para o mundo, o evangelho é repugnante. Os judeus esperavam um rei militar que matasse os romanos e declarasse Israel livre. Para os gentios, Jesus morreu como um ladrão, logo, ele era um bandido no conceito de todos os que só sabiam das novidades pelas manchetes dos jornais. Contudo, Paulo sabia que o evangelho é o Poder de Deus.

d) A revelação de quem Deus é está no paradoxo do evangelho – para entender completamente é preciso nascer de novo. E é isso que o restante da carta vai expor.

A dualidade da humanidade

Desde a queda, a humanidade foi divida em duas. Ao longo da história, esta divisão receber definições diferentes, porém por todas as eras podemos colocá-la ou em um lado, ou em outro.

Deus jamais deixou de interagir com a humanidade, tendo sempre um povo que se pode chamar dele, e o restante, alheio a ele. Evidente que nunca houve um grupo perfeito.

Eu costumo chamar de conservador, aquele grupo que tem como princípio conservar, guardar, os mandamentos de Deus (ainda que eu cometa um anacronismo). E chamo de progressista o restante, que tenta insistir em reformar, mudar, omitir, observar apenas em parte, o decálogo. Paulo irá citar esta visão dualista ao dizer: gregos e bárbaros; sábios e ignorantes; judeu e grego.

Se Roma dominava militar e politicamente o mundo, ideologicamente o grego reinava. Assim, a cultura daquela época tinha o grego como conservador e o bárbaro como progressista. O grego (cultura/filosofia) era sábio e o restante, ignorante. Ao citar judeu à frete do grego, Paulo vai dizer que o judaísmo (Lei) seria o que se deve conservar e o grego, o progressismo a ser descartado.

Não se envergonhar do evangelho

Paulo não bajula. Se ele escreve a carta esperando receber suporte, tanto espiritual como financeiro, e se a igreja já era de maioria gentílica, colocar os judeus numa condição superior poderia não ser a melhor política.

Não podemos pregar um evangelho politicamente correto em detrimento do constrangimento que ele pode causar. Evangelho inclusivo, aquele que quer incluir o pecador e o pecado junto não é o verdadeiro evangelho. Queremos ver a Igreja crescer, mas para isso, não podemos tolerar pecado.

A justiça divina

Paulo diz que a justiça divina se revela no evangelho. Para isso ele precisará descontruir todo o pensamento de justiça baseado em méritos humanos, o que a filosofia tanto valorizava. Ele sentencia: “o justo viverá pela fé”.

É isso que o restante da carta demonstrará. Para nós aqui, por hora, basta dizer que a justiça puniu a Cristo em nosso lugar.

Por isso Jesus morre como bandido. O bandido não era ele. O bandido sou eu. Jesus, o filho de Deus, se entrega em nosso lugar para pagar a dívida com Deus. Pela fé, e não apenas pelo assentimento intelectual, recebemos Jesus Cristo como nosso Senhor e Salvador e a nós é creditado o perdão dos pecados. Quanto a isto, veremos detalhes ao passamos pelos capítulos 2 a 7.

O dever de pregar o evangelho

Paulo sabe que ele foi comissionado para pregar. Mt 28.19,20. Eu e você somos salvos com a finalidade de pregar o evangelho. Não há opção de escolher pregar ou não. Se você não anuncia o evangelho, está em franca desobediência.

Vamos supor uma situação. Você está viajando e sofre um terrível acidente. Preso às ferragens, está sangrando e prestes a morrer. Um homem vem e o tira das ferragens. Ali mesmo retira seu sangue e injeta em sua veia. Você sobrevive tem uma dívida eterna de gratidão. Ele não precisa te salvar, mas salvou. Desmaiado, você não pediu para ele te salvar, mas ele te salvou.

Anos mais tarde este homem chega até você e pede para você doar sangue para uma outra pessoa que está morrendo no hospital. Você recusaria o pedido dele?

Conclusão

O evangelho é o poder de Deus para a salvação de todos os que creem. Não de todos indistintamente, mas dos que exercem fé em Cristo. Você e eu fomos alcançados por este poder e agora somos devedores de nosso Salvador para anunciar a outros o mesmo poder.

Contudo, não podemos modificar a mensagem. Devemos conservar a mesma mensagem ainda que falsificadores a serviço de Satanás tentem modificá-la. Ainda que a mensagem seja constrangedora, ela não pertence a nós. Devemos pregar a verdade, somente a verdade, nada além da verdade. E a verdade é a Escritura Sagrada, a Bíblia.


Img: Saint Paul, Rembrandt van Rijn (and Workshop?), c. 1657, in  encurtador.com.br/cCFT2

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