Paulo está argumentando que o crente tem o poder de não se deixar dominar pelas paixões carnais tendo em vista que, em Cristo, ele está quites com Deus no que diz respeito à dívida para com o Pai. Assim, não há razão para o crente continuar pecando.
Ao escrever aos romanos o apóstolo Paulo parte de alguns pressupostos. Quais pressupostos seriam esses?
1- Os três aspectos da morte:
a. Morte física.
b. Morte espiritual – perda da comunhão com Deus.
c. Morte eterna – eternidade no lago de fogo.
2- A dívida eterna com o Pai – para resolver o problema do pecado, o preço estipulado pelo Pai foi a morte, em seus três aspectos.
3- Por um homem, Adão, entrou o pecado no mundo. Por um homem, Cristo, o pecado é removido.
4- Os que nascem de novo, e somente estes, recebem as bençãos conquistadas por Cristo.
No capítulo 5 vimos que aos que nascem de novo, lhes é imputado o crédito para a salvação de forma gratuita. A salvação é um presente imerecido ofertado pelo Pai e tornado possível pelo Filho. Tudo o que eu preciso fazer é exercer fé e arrependimento.
O perigo é que esta realidade pode fazer com que haja uma distorção. Uma vez salvo, salvo para sempre, não importa como eu venha a me comportar. Isto seria perder o senso de responsabilidade e de santidade.
Santidade: comportamento que condiz com os valores da perfeita justiça.
O pior inimigo do homem
Jesus, o homem perfeito, jamais cometeu um único ato pecaminoso. Ele, enquanto ser humano, é a prova de que, sem a natureza pecaminosa, poderíamos cumprir toda a lei. Sendo seu sangue perfeitamente santo, ele pode oferecê-lo ao Pai e isto se deu com a sua morte.
Jesus experimentou a morte que todos nós deveríamos experimentar. “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste”. Ele foi sepultado, desceu ao hades, o reino (mansão) dos mortos.
Contudo, Cristo venceu a morte! Ele ressuscitou e agora vive para sempre. Enquanto homem, pois a sua natureza humana permanece, jamais ele morrerá de novo.
O batismo como símbolo de morte e ressurreição
No batismo por imersão, o simbolismo é perfeito. Ao imergir, o crente se identifica com o sepultamento; ao emergir, se identifica com a ressurreição. O ritual do batismo é a encenação do que ocorrerá por ocasião da segunda vinda. Aqueles que já tiverem passados pela morte física, serão ressuscitados.
A morte é o pior inimigo, foi mortalmente vencido. Por isso o crente não morre (Jo 11.26), mas passa desta vida para a vida eterna céu (Jo 5.24).
Exercer o domínio sobre os atos pecaminosos como testemunho de novo nascimento
Alguém disse: “não somos salvos pelas boas obras; somos salvos para as boas obras”. Por boas obras aqui estamos falando de atos de justiça, em outras palavras, santidade.
O crente verdadeiramente nascido de novo tem como finalidade glorificar a Deus. E ele o faz praticando as obras de justiça. Apesar de sabermos que a natureza pecaminosa ainda permanece em nós, nos inclinando a praticar as paixões carnais, Deus nos dá o poder do Espírito (fruto) para que possamos ir em um crescente abandono de tudo o que parece contrário ao padrão de justiça divina.
Conclusão
A doutrina da predestinação pode sim produzir em alguns um excesso de confiança, que pode vir a se tornar em libertinagem. Já que estou salvo apesar de ser o pior dos pecadores, e se Deus me elegeu e ele não volta atrás em sua palavra, então eu posso ter a certeza de que todos meus pecados, passados, presentes e futuros serão perdoados.
Sim! É verdade que todos os pecados dos salvos são perdoados. Mas isso não elimina a nossa responsabilidade. “Portanto, que o pecado não impere mais em vosso corpo mortal, sujeitando vos às suas paixões; nem entregueis vossos membros, como armas de injustiça, ao pecado; pelo contrário, oferecei-vos a Deus como vivos provindos dos mortos e oferecei vossos membros como armas de justiça a serviço de Deus. E o pecado não vos dominará, porque não estais debaixo da Lei, mas sob a graça” (Rm 12.12-14).
Img: Saint Paul, Rembrandt van Rijn (and Workshop?), c. 1657, in encurtador.com.br/cCFT2


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