Os versos utilizados para os comentários são os da NTLH, da Sociedade Bíblia do Brasil.
2 Eu os elogio porque vocês sempre lembram de mim e seguem as instruções que eu passei para vocês.
Poderia se uma ironia de Paulo, tendo em vista os problemas que os de Corinto já haviam causado a ele, mas, para mim, o mais certo é que ele começa com uma palavra de encorajamento e incentivo para que obedeçam ao mandamento que Paulo passa a dar:
3 Mas quero que entendam que Cristo tem autoridade sobre todo marido, que o marido tem autoridade sobre a esposa e que Deus tem autoridade sobre Cristo.
O verso é completo por si só. Existe uma cadeia hierárquica a ser seguida: a mulher está sujeita ao marido e este a Cristo. Como mais tarde Paulo irá dizer que ambos estão sujeitos a Deus, pode ser que a hierarquia Jesus > marido > mulher fosse para que a mulher não questionasse este padrão.
4 Se um homem cobre a cabeça quando ora ou anuncia a mensagem de Deus nas reuniões de adoração, ele está ofendendo a honra de Cristo.
O verso 3 diz que Cristo é a cabeça do homem. Como ele poderia desonrar sua cabeça? Cobrindo com algo. É o homem que representa Cristo na Igreja (por analogia). Desta forma, sendo Cristo a autoridade máxima, seu representante (por analogia) não deve se apresentar como que tendo alguém por superior a ele.
5 E, se uma mulher não cobre a cabeça quando ora ou anuncia a mensagem de Deus nas reuniões de adoração, ela está ofendendo a honra do seu marido. Nesse caso, não há nenhuma diferença entre ela e a mulher que tem a cabeça rapada.
A questão do rapar a cabeça é muito difícil. Ninguém encontrou uma resposta que fosse definitiva. Por este verso eu penso que o rapar a cabeça estava ligado, além de uma representação moralmente imprópria, a insubordinação ou rejeição de autoridade.
A mulher com a cabeça rapada, se este ato fosse um identificador de prostituta ou adúltera, causaria vergonha e desonra ao esposo. Mas pelo contexto do verso 4, a intenção seria mesmo relacionada a autoridade.
O texto só reforça que a mulher é submissa ao marido. Não só ao marido, mas dentro da assembleia da igreja, a qualquer homem. Em outras palavras, reforça a ideia de não ser bíblico a ordenação de mulheres ao ministério.
6 Se a mulher não cobre a cabeça, então é melhor que ela corte o cabelo de uma vez. Já que é vergonhoso para a mulher rapar a cabeça ou cortar o cabelo, então ela deve cobrir a cabeça.
Ter uma cobertura na cabeça significa que está debaixo de uma autoridade. Isto já ficou claro. De alguma forma, por este verso, podermos entender que ter a cabeça raspada também seria sinal de que se está debaixo de autoridade. Parece que assim agiam alguns senhores de escravos. Mas andar de cabelo cortado ou cabeça raspada seria vergonhoso por parte destas mulheres, uma vez que elas não eram escravas.
O texto abre-nos a possibilidade de que este costume (cortar/rapar) pudesse o não ter os mesmos significados em outro local, cultura ou época (com não é hoje em dia). Então poderia a mulher abrir mão do uso do véu, não porém o de ser submissa ao seu marido bem como exercer o ministério da Palavra (ensino) na Igreja.
7 O homem não precisa cobrir a cabeça, pois ele reflete a imagem e a glória de Deus. Mas a mulher reflete a glória do homem,
O grego aqui usa aner e por isso a ARC traduz varão, o que faz diferença entre homem e mulher. Já a LXX, traduzindo Gn 2.26, usa anthropos, que seria o termo homem fazendo referência a humanidade. A mulher reflete a glória do homem: quer dizer, o homem tem autoridade e primazia sobre a mulher. Os versos seguintes explicam porquê. "8 pois o homem não foi feito da mulher, mas a mulher foi feita do homem. 9 O homem não foi criado por causa da mulher, mas sim a mulher por causa do homem".
10 Portanto, por causa dos anjos, a mulher deve pôr um véu na cabeça para mostrar que está debaixo da autoridade do marido.
Ninguém sabe o que Paulo quis dizer aqui por anjos. Como foi divinamente inspirado, não penso que o Espírito Santo deixou escapar esta frase. Então, tenho o direito de sugerir uma possibilidade. Penso que anjos é uma metáfora paras os anciãos, os bispos da igreja. Isto reforça a ideia que apresentei acima, de que a mulher não pode exercer autoridade na assembleia da igreja.
11 No entanto, por estarmos unidos com o Senhor, nem a mulher é independente do homem, nem o homem é independente da mulher. 12 Porque assim como a mulher foi feita do homem, assim também o homem nasce da mulher. E tudo vem de Deus.
O que o texto nos oferece aqui é que a autoridade exercida pelo homem não pode ser confundida com tirania. O homem não é o dono da mulher. No pensamento da antiguidade, especialmente no hebreu, a mulher era uma propriedade do marido, assim como a casa, o boi ou a terra. Na Igreja, apesar de o homem ter autoridade sobre a mulher, de a mulher ser submissa ao marido, ela não é propriedade dele. Há limites que o homem tem que respeitar, que o apóstolo não trata nesta carta, mas fica implícito neste verso.
13 Julguem vocês mesmos: será que é certo que, num culto de adoração, a mulher ore a Deus sem estar com a cabeça coberta? 14 Pois a própria natureza ensina que o cabelo comprido é uma desonra para o homem, 15 mas para a mulher o cabelo comprido é motivo de orgulho. O cabelo foi dado a ela para lhe servir de véu.
Nestes 3 versos parece que Paulo está dizendo que o cabelo comprido é sinal de estar debaixo de autoridade. Em outras palavras, o cabelo comprido tem o mesmo efeito que o véu (ou qualquer tipo de cobertura na cabeça, como um chapéu, por exemplo). Pode ser também que as mulheres de Corinto estariam sendo resistentes em usar o véu, argumentando que seus cabelos fariam o mesmo feito. Se é assim, por que Paulo ensina nos versos anteriores que a mulher tem que usar o véu?
Para o seu próprio marido a mulher não precisava dar um sinal exterior de que ele lhe tem autoridade. A julgar pelos versos 6 e 10, a necessidade do véu é por causa dos outros homens. Desta forma, se ficasse entendido entre marido e esposa que a mulher lhe era submissa mesmo que não usasse o véu, tudo bem. Mas na reunião na Igreja ela não poderia abrir mão deste costume. Ela não deveria ser contencioso. Nem ela nem alguns maridos "liberais".
16 Mas, se alguém quer discutir sobre esse assunto, o que eu posso dizer é que nem nós nem as igrejas de Deus temos outro costume nas reuniões de adoração.
Este verso parece enfraquecer o teor de mandamento com relação ao uso do véu. Para mim Paulo estava disposto a abrir mão de costumes culturais no que diz respeito à maneira como externar o mandamento, mas nunca, jamais, abrir mão do mandamento em si. Ele estaria disposto a abrir mão do uso do véu com o sinal externo de que a mulher não pode exercer autoridade sobre o marido, no entanto, jamais dá a entender que abriria mão do princípio divino da submissão da mulher ao esposo.
Desta forma, o que estes 14 versos no ensinam é o seguinte:
a) O marido é a cabeça da mulher;
b) O marido não é o dono da mulher;
c) A mulher não deve exercer autoridade na Igreja (ministério pastoral);
d) A evidência externa da submissão da mulher é cultural e voluntária, ou seja, a mulher deve consentir.
f) A aplicabilidade deste princípio diz respeito às pessoas cristã, que aceitam a Bíblia como regra de prática.
0 Comentários
Não use palavras ofensivas.