Diz-se que o cristianismo é a única religião que não esconde os defeitos de seus heróis. Os últimos 6 versos de Atos 15 corrobora com esta verdade. Após um ministério tão maravilhoso e bem-sucedido, os Apóstolos Paulo e Barnabé dão demonstração de quanto a nossa natureza pecaminosa pode pôr tudo a perder. Três dos mais brilhantes servos de Deus no início da Igreja quase põem tudo a perder por causa de pecados como mágoa, ira, falta de perdão, ciúmes, incompreensão...
Os personagens
1- Paulo – dispensa apresentações. Sem dúvida o maior apóstolo cristão de todos. Plantou inúmeras igrejas. Supervisionou dezenas delas, presencialmente e por cartas. Autor de 13 epístolas (cerca de 1/3 de todo NT). As principais doutrinas cristãs, dentre elas, a justificação pela fé somente, não seriam compreendidas não fossem seus textos. A Igreja gentílica provavelmente não existiria não fosse a vida deste homem.
2- Barnabé – Paulo não existiria não fosse Barnabé. O apresentou aos apóstolos (At 9.27), permitiu que ensinasse em Antioquia (At 11.25,26), conduziu-o por Chipre e na Ásia Menor. Precisa dizer algo mais?
3- Marcos, João – sobrinho de Barnabé, acompanhou Jesus em sua paixão (Mc 14.51,52). Esteve na primeira viagem até Chipre. Autor do Evangelho de Marcos. Considerado por Pedro com o um filho (1Pe 5.13). Útil no ministério de Paulo e seu cooperador (2Tm 4.11; Fm 1.24).
Possível precedente da mágoa de Paulo
Em Gl 2.11-13 Paulo relata que discutiu com Pedro. Este fora a Antioquia, provavelmente logo após o “concílio” em Jerusalém e antes da saída para a segunda viagem missionária. Pedro participava juntamente com todos das reuniões de Koinonia. Entretanto, quando chegaram judeus contrários a às decisões de Atos 15, Pedro se afastou da comunhão com os gentios. E Barnabé se deixou levar pela mesma hipocrisia. Isto entristeceu e enfureceu Paulo.
Em Atos 13.13 Lemos sobre o abandono da missão por parte de Marcos. Não se sabe o motivo, mas, seja lá qual for, Paulo ficou extremamente aborrecido. Mesmo tendo decorrido mais de ano, a mágoa não tinha sido curada. Tanto é que foi dada como motivo para a separação que ora estamos comentando.
Violenta dissenção
É difícil imaginar, mas o texto original não pode ser melhor traduzido do que este da Bíblia de Jerusalém: violenta discussão. Palavras ásperas foram trocadas. Ofensas verbais, acusações, ingratidão, ânimos exaltados... Que vexame!
Aplicações
A obra é de Deus e não nossa.
Nosso sucesso no ministério não está sustentado em nossa capacidade humana, mas única e exclusivamente na graça de Deus que opera tudo, apesar de nós. Ainda que muitas atitudes de pessoas, líderes cristãos ou não, venha nos decepcionar, jamais devemos desistir da fé, desistir da Igreja. Devemos tomar ânimo e seguir em frente. O Espírito Santo não precisou falar uma segunda vez: separai-me agora a Paulo e Silas, Barnabé e Marcos.
Se Deus mandou você pregar o Evangelho, a ordem é perpétua. Não espere que ele fale de novo pois o servo obediente faz até Ele mandar parar. Se Deus o chamou para uma tarefa, não permita que nada, absolutamente nada o impeça de continuar. Problemas surgirão. Empecilhos diversos. Entretanto, a Obra de Deus não deve ser paralisada.
Deus sabe de nossas limitações. Sabe que somos pó. Sabe que nossa natureza pecaminosa milita contra nosso espírito. Nosso espírito quer fazer a vontade de Deus, que é buscar a paz e a união. Jesus disse que temos que ser um. Mas a nossa carne, muitas vezes incitada pelo diabo, nos faz entrar em discordâncias.
Eis aí a razão de tantas denominações, e as vezes, tantas disputas entre membros de uma mesma denominação. Pior: às vezes dentre de uma mesma igreja pessoas estão competindo mutuamente.
Todavia, Deus considera que somos limitados e faz com que frutos sejam colhidos. Aqueles que de fato são servos de Deus, mais a frente, caem em si, reconhecem os pecados, pedem perdão e a reconciliação é tornada possível.
Disciplina e Misericórdia
Podemos notar o quanto Paulo era disciplinado, no sentido militar. Ele fora fariseu dedicado. Isto quer dizer que seguia regras com absoluta dedicação. Errou, deve assumir as consequências.
Não sabemos o motivo que levou Marcos a abandonar a equipe na primeira viagem. Seja o que for, era algo passivo de disciplina e Paulo não abriu mão disto. Barnabé tinha um temperamento mais dócil e inclinado à misericórdia. Nota-se como Deus foi perfeito ao unir o inflexível Paulo, representando a firmeza de caráter de Deus em não tolerar o erro, com Barnabé, representando a misericórdia de Deus, que muitas vezes não nos pune conforme merecemos.
Uma pessoa sozinha não tem as duas características em perfeito equilíbrio. Por isso Deus junta pessoas na Igreja, com dons e temperamentos, ou personalidades diferentes, com o fim de aperfeiçoar a todos. Há momento que exige disciplina inflexível. Há momento em que a misericórdia deve prevalecer. Somente na Igreja, na comunhão dos santos é possível tal equilíbrio.
O Diabo é o diabo de Deus
Frase atribuída a Lutero, que significa que até as obras mais maléficas do Diabo estão a serviço de Deus. Nada pega Deus de surpresa. Ainda que alguém atribua a discórdia entre os irmãos uma ação direta de Satanás, Deus transformou a derrota em peso de glória. Agora não mais uma, mas duas equipes de missionários. O que para o homens é divisão, para Deus é multiplicação.
Conclusão
Não é louvável que para duplicar os esforços missionários houvesse a necessidade de uma briga. Olhando hoje, anos depois, vemos o quadro completo e podemos focar mais nas bênçãos: ao invés de uma, duas equipes missionárias; vemos perdão e reconciliação entre Paulo e Marcos. Podemos até citar aqui Rm 8.28, mas não era para ser assim. Era para ser como Jo 17.11,21,22: sermos um.
Entretanto, a Igreja verdadeira, o crente verdadeiro, em tudo é mais que vencedor. Mesmo nas mais vergonhosas derrotas para nossa natureza pecaminoso, o Espírito Santo trabalha para nos amoldar. Assim, a lição que fica é: em nome do evangelho e da missão que temos de anunciar as boas novas a todo mundo, busquemos a unidade. Se falharmos, temos certeza de que há no céu um advogado que intercede por nós. Busquemos o perdão e liberemos o perdão. E continuemos anunciando o evangelho do poder de Deus que se aperfeiçoa mesmo em nossas fraquezas.
Depois de alguns dias, disse Paulo a Barnabé: "Voltemos agora a visitar os irmãos por todas as cidades onde anunciamos a palavra do Senhor, para ver como estão". Mas Barnabé queria levar consigo também João, cognominado Marcos, enquanto Paulo exigia que não se levasse aquele que os deixara desde a Panfilia e não os acompanhara no trabalho. A dissensão foi violenta, a tal ponto que ambos tiveram de separar-se um do outro. Barnabé, pois, tomando Marcos consigo, embarcou para Chipre. Quanto a Paulo, escolheu Silas e partiu, recomendado à graça de Deus pelos irmãos. Paulo atravessou a Síria e a Cilicia, confirmando as Igrejas. Atos 15.36-41.
1- Paulo – dispensa apresentações. Sem dúvida o maior apóstolo cristão de todos. Plantou inúmeras igrejas. Supervisionou dezenas delas, presencialmente e por cartas. Autor de 13 epístolas (cerca de 1/3 de todo NT). As principais doutrinas cristãs, dentre elas, a justificação pela fé somente, não seriam compreendidas não fossem seus textos. A Igreja gentílica provavelmente não existiria não fosse a vida deste homem.
2- Barnabé – Paulo não existiria não fosse Barnabé. O apresentou aos apóstolos (At 9.27), permitiu que ensinasse em Antioquia (At 11.25,26), conduziu-o por Chipre e na Ásia Menor. Precisa dizer algo mais?
3- Marcos, João – sobrinho de Barnabé, acompanhou Jesus em sua paixão (Mc 14.51,52). Esteve na primeira viagem até Chipre. Autor do Evangelho de Marcos. Considerado por Pedro com o um filho (1Pe 5.13). Útil no ministério de Paulo e seu cooperador (2Tm 4.11; Fm 1.24).
Possível precedente da mágoa de Paulo
Em Gl 2.11-13 Paulo relata que discutiu com Pedro. Este fora a Antioquia, provavelmente logo após o “concílio” em Jerusalém e antes da saída para a segunda viagem missionária. Pedro participava juntamente com todos das reuniões de Koinonia. Entretanto, quando chegaram judeus contrários a às decisões de Atos 15, Pedro se afastou da comunhão com os gentios. E Barnabé se deixou levar pela mesma hipocrisia. Isto entristeceu e enfureceu Paulo.
Em Atos 13.13 Lemos sobre o abandono da missão por parte de Marcos. Não se sabe o motivo, mas, seja lá qual for, Paulo ficou extremamente aborrecido. Mesmo tendo decorrido mais de ano, a mágoa não tinha sido curada. Tanto é que foi dada como motivo para a separação que ora estamos comentando.
Violenta dissenção
É difícil imaginar, mas o texto original não pode ser melhor traduzido do que este da Bíblia de Jerusalém: violenta discussão. Palavras ásperas foram trocadas. Ofensas verbais, acusações, ingratidão, ânimos exaltados... Que vexame!
Aplicações
A obra é de Deus e não nossa.
Nosso sucesso no ministério não está sustentado em nossa capacidade humana, mas única e exclusivamente na graça de Deus que opera tudo, apesar de nós. Ainda que muitas atitudes de pessoas, líderes cristãos ou não, venha nos decepcionar, jamais devemos desistir da fé, desistir da Igreja. Devemos tomar ânimo e seguir em frente. O Espírito Santo não precisou falar uma segunda vez: separai-me agora a Paulo e Silas, Barnabé e Marcos.
Se Deus mandou você pregar o Evangelho, a ordem é perpétua. Não espere que ele fale de novo pois o servo obediente faz até Ele mandar parar. Se Deus o chamou para uma tarefa, não permita que nada, absolutamente nada o impeça de continuar. Problemas surgirão. Empecilhos diversos. Entretanto, a Obra de Deus não deve ser paralisada.
Deus sabe de nossas limitações. Sabe que somos pó. Sabe que nossa natureza pecaminosa milita contra nosso espírito. Nosso espírito quer fazer a vontade de Deus, que é buscar a paz e a união. Jesus disse que temos que ser um. Mas a nossa carne, muitas vezes incitada pelo diabo, nos faz entrar em discordâncias.
Eis aí a razão de tantas denominações, e as vezes, tantas disputas entre membros de uma mesma denominação. Pior: às vezes dentre de uma mesma igreja pessoas estão competindo mutuamente.
Todavia, Deus considera que somos limitados e faz com que frutos sejam colhidos. Aqueles que de fato são servos de Deus, mais a frente, caem em si, reconhecem os pecados, pedem perdão e a reconciliação é tornada possível.
Disciplina e Misericórdia
Podemos notar o quanto Paulo era disciplinado, no sentido militar. Ele fora fariseu dedicado. Isto quer dizer que seguia regras com absoluta dedicação. Errou, deve assumir as consequências.
Não sabemos o motivo que levou Marcos a abandonar a equipe na primeira viagem. Seja o que for, era algo passivo de disciplina e Paulo não abriu mão disto. Barnabé tinha um temperamento mais dócil e inclinado à misericórdia. Nota-se como Deus foi perfeito ao unir o inflexível Paulo, representando a firmeza de caráter de Deus em não tolerar o erro, com Barnabé, representando a misericórdia de Deus, que muitas vezes não nos pune conforme merecemos.
Uma pessoa sozinha não tem as duas características em perfeito equilíbrio. Por isso Deus junta pessoas na Igreja, com dons e temperamentos, ou personalidades diferentes, com o fim de aperfeiçoar a todos. Há momento que exige disciplina inflexível. Há momento em que a misericórdia deve prevalecer. Somente na Igreja, na comunhão dos santos é possível tal equilíbrio.
O Diabo é o diabo de Deus
Frase atribuída a Lutero, que significa que até as obras mais maléficas do Diabo estão a serviço de Deus. Nada pega Deus de surpresa. Ainda que alguém atribua a discórdia entre os irmãos uma ação direta de Satanás, Deus transformou a derrota em peso de glória. Agora não mais uma, mas duas equipes de missionários. O que para o homens é divisão, para Deus é multiplicação.
Conclusão
Não é louvável que para duplicar os esforços missionários houvesse a necessidade de uma briga. Olhando hoje, anos depois, vemos o quadro completo e podemos focar mais nas bênçãos: ao invés de uma, duas equipes missionárias; vemos perdão e reconciliação entre Paulo e Marcos. Podemos até citar aqui Rm 8.28, mas não era para ser assim. Era para ser como Jo 17.11,21,22: sermos um.
Entretanto, a Igreja verdadeira, o crente verdadeiro, em tudo é mais que vencedor. Mesmo nas mais vergonhosas derrotas para nossa natureza pecaminoso, o Espírito Santo trabalha para nos amoldar. Assim, a lição que fica é: em nome do evangelho e da missão que temos de anunciar as boas novas a todo mundo, busquemos a unidade. Se falharmos, temos certeza de que há no céu um advogado que intercede por nós. Busquemos o perdão e liberemos o perdão. E continuemos anunciando o evangelho do poder de Deus que se aperfeiçoa mesmo em nossas fraquezas.
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