Apesar de todos crerem que são salvos pela graça, atribuem algum tipo de mérito em si mesmo. A justificação é o ato divino de Deus em declarar o pecador justo. Sem a justificação não há salvação e o mau entendimento desta doutrina pode derrubar a Igreja.
Quando a Bíblia afirma que "não há um justo sequer" (Rm 3.10) e que "todos pecaram" (Rm 3.23) não há contra argumentação que possa qualquer ser humano se apegar a ela.
Com base em qual lei Deus julga a humanidade? Na lei moral, também conhecida como os 10 mandamentos. Eles estão descritos em Êxodo 20.3-7. Evidente que ali não é um estatuto exaustivo, mas sim uma classificação, um agrupamento de delitos que torna o ser humano um transgressor da Lei divina. Eu os classificaria assim:
Pecados morais graves
Idolatria (1-3)
Ateísmo (4)
Desonra parental (5)
Assassinato (6)
Adultério (7)
Furto/Roubo (8)
Crimes contra honra (9)
Ganância (10)
Idolatria é colocar no lugar de Deus qualquer outra coisa. Idolatria é amar qualquer outra coisa mais que Deus. Idolatria é pensar e ou agir ou ter um conceito de que Deus é menos do que ele de fato é. Idolatria é confiar em qualquer coisa, ou em si mesmo mais do que em Deus.
Analisando com esta profundidade, quem nunca cometeu um pecado de idolatria? Tudo bem, vou dar um crédito a você e aceitar que há muitos anos você não mais fez qualquer sombra de idolatria. O problema é que a Lei de Deus não prescreve. Se por apenas um único segundo na vida você idolatrou algum ídolo, você precisa pagar a pena por quebrar esta lei. E a pena é a morte eterna: inferno.
Chamo de ateísmo a negligência em cultuar a Deus, não necessariamente negar completamente sua existência. Sem entrar agora na disputa de que o quarto mandamento é o sábado ou o domingo, o fato é que nunca a humanidade conseguiu dedicar um dia exclusivo de culto a Deus. Não penso que a ideia aqui seja aquela de fazer uma visita semanal. Sabe, quando após casados e com filhos, vamos a casa dos pais, levar os netos para passar um dia com os avós? Não penso que Deus legislasse algo parecido, como "olha, uma vez por semana vem aqui em casa fazer uma visitinha". O princípio por trás deste mandamento é o de culto, tanto coletivo como individual.
Desonra parental é abandonar o pais à própria sorte quando estes entram na velhice. Mas é também não lhes prestar o devido respeito e honra. Pode parecer algo simples. Na verdade, este talvez seja o mais simples e fácil mandamento de ser cumprido. Porém Deus deu a ele uma importância que só perde para a importância à sua própria pessoa. Se a lista é uma ordem de importância, veja que é mais grave desrespeitar os pais que cometer um assassinato.
Assassinato é tão grave que até a lei dos homens, que muitas vezes se diz laica, a tem como a mais grave. No Brasil é o pior tipo de crime, punido com pena máxima em nosso Código Penal. Porém Jesus diz que apenas desejar a morte de uma pessoa já constitui quebra do sexto mandamento (Mt 5.22).
Adultério é qualquer tipo de relação sexual que não seja com o cônjuge. Também Jesus diz que o adultério virtual/mental é o mesmo que o adultério físico consumado (Mt 5.28).
Furto/roubo não necessita de maiores explicações. A diferença é que o roubo é quando se tira de alguém algo à vista dela. O furto é acontece quando ninguém está olhando. Ainda que seja uma caneta, uma folha de papel, um doce, sonegação, etc.
Crimes contra a hora: calúnia, injúria e difamação, ou se preferir: fofoca. Qualquer coisa que se diga contra outra pessoa que possa desonrar a sua pessoa. E lembre-se: a lei de Deus não prescreve. Se lá na adolescência você prejudicou uma pessoa falando dela algo que a prejudicasse, terá de pagar por este crime.
Ganância é um desejo desenfreado por ter sempre mais e mais. Normalmente a ganância leva a quebra do outro mandamento que é o furto e o roubo. No decálogo é chamado de cobiçar. A ganância é muito difícil de ser controlada. Ela promove em nós um sentimento de insatisfação tão grande que, pouco tempo depois de conseguirmos o objeto da nossa cobiça, sentimos um profundo desprezo por este objeto e passamos a desejar outro.
Como se pode ver, a Bíblia está certa quando diz que não há um justo sequer. Faz todo o sentido agora quando lemos que "o justo viverá pela fé" (Hc 2.4; Rm 1.17; Gl 3.11; Hb 10.38).
Quem é o justo? Justo é aquele que nunca cometeu um pecado ou aquele que foi declarado justificado. Como pelo exposto acima nem eu nem você somos impecáveis, então só nos resta confiar na segunda opção: eu sou justo porque Deus me declara justificado.
Pela fé? A fé é a confiança, a certeza de que somente Deus pode nos declarar justo. Ele o faz mediante a graça: "Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus" - Efésios 2.8.
Fácil assim? Em certo sentido podemos dizer que sim. Fácil não significa barato. Significa que: "quem poderá pois salvar-se? E Jesus, olhando para eles, disse-lhes: Aos homens é isso impossível, mas a Deus tudo é possível" - Mateus 19:25,26. Ou seja, o preço é extremante caro. Impossível para qualquer um de nós pagar. No entanto, Jesus morreu em nosso lugar. Deus colocou na conta de Jesus o preço a ser pago pelo nosso pecado. Por sua vez, coloco na nossa conta a justiça de Jesus. Sendo assim, somos justos porque Jesus transferiu sua justiça para a nossa conta.
Quando se diz então que é fácil, está-se querendo dizer que não são nossos méritos ou qualquer boa obra a ser realizada por nós, mas que temos apenas que confiar (exercer fé) na pessoa e obra (morte) de Cristo na cruz.
"Ele vos concedeu a vida, estando vós mortos nas vossas transgressões e pecados" Ef 2.1
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