Teria Deus pegado pesado demais com Ananias e Safira? Quando olhamos outros incidentes nas Escrituras, parece ter havido excessivo rigor para com um casal que apenas contou uma mentirinha. Será?
Atos 4.32-37 no introduz Barnabé. Na verdade, seu nome era José, porém fora apelidado pelos apóstolos de Barnabé, que significa filho da consolação (huios Paraklēseōs). Quem dá a interpretação do significado do apelido é o próprio Lucas.
A relato de Ananias e Safira — At 5.1-11 — é, de fato, a continuação destes últimos versos do capítulo 4. O capítulo cinco começa com uma adversativa, fazendo um contraste entre Barnabé e o referido casal.
Já fomos informados no capítulo 2.44 e agora no 4.32-34 que uma atitude nobre tomou conta da comunidade cristã: o hábito de venderem suas propriedades e bens e distribuírem entre todos de maneira que ninguém viesse a passar necessidade alguma.
Eu diria sem sombra de dúvida que este gesto começou voluntariamente com José. Por isso fora apelidado de Consolador. Quem já passou fome, frio, ou quem já teve que dormir na rua sabe o quanto é cruel. No dia a dia, quando ocorre uma enchente e famílias perdem tudo, muitas almas boas fazem doações. Mas eu nunca vi uma pessoa vender sua casa, ou carro e doar aos desabrigados. Damos o que nos sobra ou o que não nos fará falta.
Parece que o gesto altruísta e inédito tenha sido iniciado por Barnabé. E isto foi muito precioso aos olhos de todos. Ele então foi reconhecido com o aquele que levou consolo a muitos necessitados dando tudo.
Possivelmente Barnabé não sabia do episódio do Jovem Rico (Mt 19.21). Mas ele agiu conforme o Mestre queria pois sua conversão fora profunda e sincera. Barnabé não buscou glória. Deu o que tinha e recebeu o que não tinha: reconhecimento.
ENTRETANTO... ou seja, de forma absolutamente contrária, Ananias e Safira buscaram glória e reconhecimento humano. Eles cobiçaram o reconhecimento dado a José. Eles deixaram Satanás encher seus corações de orgulho. Eles demonstraram sentir inveja e por causa disto, mentiram dolosa e deliberadamente.
O pecado cega. Quando pecamos, pensamos que ninguém vai descobrir. Assisto algumas vezes reportagens sobre assassinatos. Fico pensando: como este assassino achou que não seria descoberto? Os criminosos acham que cometem o crime perfeito. Porém, como já foi dito, não existe crime perfeito; existe crime mal investigado. Quando se trata de Deus, ele não deixa escapar nada. O casal não raciocinou que o comprador poderia revelar quanto pagou pela propriedade. O casal não lembrou que diz Jó 12.22: “Das trevas extrai coisas profundas; traz para a luz a sombra da morte”. Quanta estupidez!
Percebe-se então que o pecado do casal não fora apenas uma mentirinha. Era algo tão intenso que precisava de uma ação rápida, eficaz e profunda. O mal tinha de ser cortado pela raiz.
Que lições práticas podemos tirar para a Igreja hoje?
A. Crentes foram abençoados com bens que devem ser usados para a obra de Deus (At 5.1).
B. Crentes podem ser envolvidos pessoalmente em conspirações para cometerem pecados (At 5.2,9).
C. Satanás sempre está por traz de pecados cometidos pelos crentes (At 5.3).
D. A Igreja deve sempre confrontar aqueles que cometem pecados morais graves (At 5.3).
E. O pecado de Ananias e Safira foi a mentira contra o Espírito Santo (At 5.4,9).
F. Todos os nossos pecados são cometidos primeiro em nossas mentes (coração) (At 5.4).
G. Muitos pecados são julgados ainda nesta vida (At 5.5,10).
H. Toda vez que ocorre o julgamento rápido e forte traz impacto positive para a congregação (At 5.5,11; Ec 8.11).
I. Se vivemos uma vida íntegra, não precisamos temer nada (At 5:7).
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