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Lutar, sempre. Vencer, à vezes. Desistir, jamais!

Introdução
Fig
A primeira equipe missionária da Igreja tem seu revés: a perda de um de seus membros. Todavia, esta perda foi dolorosa, porque foi uma desistência, aparentemente, covarde. Quais as consequências? Quais lições para nós hoje?
Então Paulo e seus companheiros navegaram de Pafos e chegaram a Perge, na Panfília. João, porém, separando-se deles, voltou para Jerusalém*
As razões da desistência
Lucas não relata o motivo da desistência. Ao iniciar os preparativos para a segunda jornada missionária, Paulo e Barnabé têm severa discussão por causa deste incidente. Barnabé queria que Marcos fosse, e Paulo não. A briga foi tão feia que os dois amigos de mais de 15 anos se separaram.
Nunca saberemos o que aconteceu, a menos que Deus permita que na eternidade, quando encontrarmos estes homens, eles nos expliquem tudinho.

Há quem alegue que Marcos era muito jovem e por isso ficou com medo de seguir para uma região por ele desconhecida e tão longe de casa. Outro vai dizer que Marcos não concordava muito com a decisão de Paulo em se voltar para os gentios. Uma terceira possibilidade seria Paulo assumir a liderança da equipe em detrimento de Barnabé.

Eu quero dar a minha especulação. Barnabé e Marcos eram parentes. A ligação entre os dois era forte. Dado a personalidade amorosa e paterna de Barnabé, Marcos o consideraria como um pai, se possivelmente ele fosse órfão? Talvez!

Paulo torna-se o líder da equipe
Quando saem de Antioquia, a equipe era Barnabé, Paulo e Marcos. Em Pafos, mudou para Paulo e seus companheiros. Teria Marcos não aceitado a liderança de Paulo? Ou teria tomado as dores do primo Barnabé, que “perdeu” a primazia para Paulo, que tinha o seu “currículo” manchado de sangue de crentes fiéis, como Estevão? Acima de qualquer razão, o que importa mesmo é a desistência deste discípulo. Quantos prejuízos o abandono causou?

Barnabé já era idoso. Paulo sempre teve a saúde debilitada. Há quem considere que ao sair de Pafos, Paulo estava bem fraco fisicamente. É pura especulação, mas plausível. João Marcos seria o braço forte na equipe. Entretanto, falhou!

Responsabilidade e fidelidade
Nós somos responsáveis pelos compromissos que assumimos. Especialmente com Deus e sua Obra. Quem põe a mão no arado não pode olhar a trás sob o risco de fazer perder todo o trabalho. Sua igreja conta com você. Não falhe, não desista, não recue.

Se você assumiu um compromisso, e no decorrer da caminhada viu que era pesado demais, chame seus líderes para uma conversa. Vamos rever as condições, as promessas e os compromissos. Mas, jamais pule fora do barco se dar explicações. Jamais abandone sua responsabilidade ou tarefa. Tem muita gente contando com você e com sua fidelidade.

Uma das situações mais comuns na igreja é deixar de contribuir e dar o dízimo. Quando nos descontentamos com a liderança ou com o rumo das coisas; quando discordamos doutrinariamente das pregações e ensino, a primeira coisa é parar de contribuir.

Não faça isto! Você tem todo o direito de não financiar aquilo de que discorda, mas existe o jeito certo e o jeito errado. O errado e simplesmente desistir, parar de contribuir sem explicação. Igualmente comum e “abandonar o posto”. Alguns professores deixam de preparar os estudos. Voluntários não realizam as tarefas. Diretores deixam suas atribuições pendentes. Deixar de comparecer aos cultos, ou de realizar as atividades. Às vezes até estão de corpo presente, mas de mente e coração totalmente ausentes.

A pior e mais detestável é quando se começa a torcer contra. Fazer fofoca, criticar, só olhar os defeitos. Semear a discórdia. Este último estágio é altamente condenável e pecaminoso. O Senhor Deus diz em Provérbios (6.16-19) que esta atitude é pior do que assassinato.

Do que estamos falando
A Igreja precisa avançar. Temos uma ordem para fazer discípulos (Mt 28.19). A Igreja é comparada ao corpo. Cada membro do corpo tem uma função. Se o olho abandonar seu posto e parar de enxergar, todo o corpo sofre. Se o pé parar de funcionar, não poderemos andar até onde estão os perdidos, e todo o corpo vai sofrer as consequências do não cumprimento da ordem do Senhor. Até mesmo os membros aparentemente mais insignificantes têm momento certo em que somente eles podem fazer algo.

Pense na unha. Para que serve a unha? Aparentemente para nada. Mas sem ela seria impossível apanha uma agulha no chão. A unha dá a firmeza necessária para que os dedos apanhem coisas pequenas. Já pensou nisto? Ninguém fica apanhando agulhas no chão o tempo todo, mas na hora em que se precisa, lá está ela.

Talvez você não seja mesmo um olho. Seja apenas uma unha. Mas sem você, unha, o olho vai para o inferno se a agulha que ele enxerga não for apanhada. Por isso o olho não pode dizer: “unha, não preciso de você”. E por usa vez, a unha não pode se sentir tão inútil e dizer: “por que não sou olho, vou ficar na minha e deixar rolar. Que se lixem!”

Sê fiel no pouco, e sobre o muito te colocarei” – Mt 5.21.
Por que as especulações sobre o abandono de Marcos são negativas? Acredito que pelo fato de na segunda viagem, Paulo e Barnabé brigarem a respeito disto. A segunda viagem missionária vai acontecer cerca de 4 anos mais tarde. Por todo este tempo, Paulo ainda está magoado com Marcos. No mínimo, não confia nele para a realização do trabalho de fazer discípulos.

Entretanto, anos mais tarde Paulo diz: “Toma contigo Marcos e traze-o, pois me é útil para o ministério” (2Tm 4.11).

Marcos volta para Jerusalém. Torna-se discípulo de Pedro e cerca de 15 anos mais tarde escreve o que muitos consideram o primeiro dos quatro evangelhos, e que leva o seu nome.

Que transformação! Um discípulo imaturo, medroso, que se mostrou despreparado e que abandonou a “igreja” no momento mais delicado, arrependeu-se, cresceu na fé e no conhecimento e tronou-se tão admirável a ponto de ser útil ao ministério do mais influente e profícuo Apóstolo de Cristo: Paulo.

Conclusão
O que aprendemos aqui:
1-      Não posso desistir de minhas responsabilidades. A Igreja de Deus precisa de nós.
2-      Se falharmos, peçamos perdão, levantemos a cabeça e comecemos de novo.
3-      Não importa o quanto alguém tenha falhado no serviço ao Senhor. Em caso de arrependimento, estejamos prontos para liberar o perdão e dar nova oportunidade.
4-      Não existem membros inúteis. Ninguém e melhor nem pior. Temos diferentes dons e diferentes responsabilidades. Cada uma a seu tempo é útil para Deus e para a Igreja.



* Atos 13.13
Figura: Mark, The Evangelist - https://goo.gl/ex3jEb

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