Os capítulos 7 e 8 de João estão relatando fatos ocorridos na mesma circunstância. Era a festa dos tabernáculos. Nesta ocasião, dois rituais são usados por Jesus para se revelar como sendo ele mesmo aquele para a quem tais ritos apontavam.
Água (7.37,38) - Havia uma procissão que saia do poço de Siloé e ia até o templo, levando talhas de água. Ali elas eram derramadas ao pé do altar. Este rito simbolizava o rio de água viva que os judeus deveriam ser para o mundo. É ai que Jesus se declara com sendo ele mesmo a água que sacia de vez a sede por Deus.
Luz (8.12) - Outro ritual marcante na festa dos tabernáculos ocorria na última noite. O templo era iluminado por luzes que brilhavam a noite inteira. Simbolizava igualmente a luz que Israel deveria ser para o mundo todo. Jesus se apresenta aqui como sendo ele mesmo esta luz.
Impressiona-nos quando aprendemos estes pormenores, pois nos faz perceber que Jesus não desperdiçou nenhum detalhe. Ele de fato proclamou o reino de Deus e demonstrou como tudo, absolutamente tudo nas Escrituras do Antigo Testamento apontavam para ele.
Por isso que o diálogo segue com Jesus afirmando que seu testemunho é verdadeiro. O incidente com a mulher adúltera, nos versos de 1 a 11 deste capítulo são importantes para destacar que contra as evidências não há argumentos.
Na maioria das vezes, um criminoso não é pego em flagrante. Por isso o trabalho dos detetives é reunir o máximo de evidências possíveis para provar a culpa e não condenar um inocente. A evidência não é a prova do crime em si, mas o que leva a uma conclusão óbvia e irrefutável.
O incidente com a mulher adúltera foi a evidência de quão grande valor as autoridades judaicas davam ao testemunho de duas pessoas. Segundo eles, a mulher deveria ter sido apedrejada pois havia duas (ou mais) testemunhas que atestavam o fato. Era uma questão de justiça condená-la.
Jesus então lhes coloca mais um dilema. Ora, se eles afirmam que duas pessoas dizendo a mesma coisa seria suficiente para validar a verdade, por que não criam nele, uma vez que ele e Deus estavam atestando a mesma coisa?
Jesus apresenta sua defesa e lhes prova irrefutavelmente que o próprio Deus dava testemunho dele. No seu batismo, uma multidão ouviu: Este é o meu filho amado. João Batista testemunhou que Jesus era o filho de Deus e os apóstolo Pedro, João e Tiago ouviram o Pai mandando que ouçam (obedeçam) o que ele diz (conf. Mt 3.17; Mt 17.5, Mc 1.9-11; Lc 3.22; Jo 1.32-34). Portanto, negar evidências como esta é o mesmo que negar que o fogo queima ou que a água não molha. Impossível!
As autoridades judaicas questionam Jesus: onde está a segunda testemunha (8.19)? Claro, eles não conheciam de fato o Pai. Se conhecessem teriam ouvido a voz do Pai através das Escrituras que eles tanto diziam conhecer. Sim, de fato conheciam a letra, mas não o Espírito da lei.
Por outro lado, Jesus prova como eles agiam injustamente, recusando aceitar a lei que eles próprios defendiam com toda força. Se negavam a ouvir o testemunho do Pai sobre Jesus e, ainda que vendo e ouvindo com os próprios olhos e ouvidos, negavam o testemunho de Jesus. A cada encontro com o Cristo, evidenciava ainda mais a parcialidade, a hipocrisia, a mentira e a injustiças daqueles líderes.
Os EU SOU
Neste evangelho, Jesus é por sete vezes retratado como o EU SOU. Certamente uma referência a Êx 3.14.
A primeira e mais óbvia relação é que Jesus esta dizendo que ele é o Yaweh do Êxodo. Não no sentido de ser a mesma pessoa, mas sim o mesmo Deus. As Escrituras nos dizem claramente o que denominamos de Santíssima Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo. Três pessoas, porém um só Deus.
Sim, Jesus se faz igual a Yaweh em substância.
À medida em que formos avançando na exposição de João falaremos sobre os demais. Por hora, fiquemos com os dois primeiros EU SOU.
Eu sou o pão da vida
Já falamos sobre ele na exposição do capítulo 6. Mas vale aqui apenas lembrar que, por ocasião da páscoa, os judeus celebravam a saída do Egito, e de como Yaweh os sustentou com o pão do céu. Foi o maná caído do céu que deu vida a eles por todos os 40 anos de peregrinação. Jesus é o pão da vida, mas não apenas de uma vida temporária. Jesus é o pão da vida, eternamente.
Eu sou a luz do mundo
Durante a peregrinação no deserto, uma coluna de Luz guiou e protegeu os judeus. Jesus é a luz que está no mundo hoje. Por causa dele somos protegidos e guiados. A luz protege contra tropeços e quedas. À luz, tudo se revela, não há segredos.
Você já reparou como o Sol deixa tudo às claras? O feio e o bonito, o sujo e o limpo... Diante de Jesus nada fica neutro. A luz de Jesus escancara todas as coisas.
Jesus é a nossa luz.
Luz da moralidade - Jesus iluminou o coração da mulher adúltera, que abandona a vida imoral e depois anda em "santidade de vida". Jesus iluminou o coração de Mateus, que abandonou a sua vida de ladrão corrupto e tronou-se um generoso apóstolo de Cristo.
Luz da sabedoria - Jesus iluminou o entendimento dos discípulos para compreenderam as Escrituras. Jesus abre os olhos aos cegos com sua luz, para que entenda e recebam a salvação. Jesus ilumina nossa mente para não sermos enganados pelas mentiras de Satanás e de seus filhos.
Apliquemos em nossa vida o seguinte princípio: confiar em Jesus como o único que pode iluminar nosso entendimento nos livrará de todo engano e mentira. Jesus é a luz do Mundo!
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