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Benefícios do sacrifício de Cristo


A perícope inicia com Jesus com Jesus demonstrando sentir o peso de sua missão e apesar disso, ele não irá desistir. Jesus dedica seu sacrifício ao Pai, que lhe responde em consolo. Um dos efeitos do sacrifício é exercer o julgamento contra Satanás. Outro, é promover a separação da humanidade em dois povos: filhos da luz e filhos das trevas.

Para uma melhor compreensão, irei rearranjar o texto. Vejamos:

27 Agora a minha alma está angustiada, e o que direi? “Pai, salva-me desta hora”? Não, pois foi precisamente com este propósito que eu vim para esta hora.

28  Pai, glorifica o teu nome. Então veio uma voz do céu: — Eu já o glorifiquei e ainda o glorificarei.

29  A multidão que ali estava e que ouviu aquela voz dizia ter havido um trovão. Outros diziam: — Foi um anjo que lhe falou.

30  Então Jesus explicou: — Não foi por minha causa que veio esta voz, e sim por causa de vocês. 

31  Chegou o momento de este mundo ser julgado, e agora o seu príncipe será expulso. 

32  E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim.

33  Ele dizia isto, significando com que tipo de morte estava para morrer.

34  A multidão disse: — Nós ouvimos da Lei que o Cristo permanece para sempre. Como, então, você diz que é necessário que o Filho do Homem seja levantado? Quem é esse Filho do Homem? 

35  Jesus respondeu: — Ainda por um pouco a luz está com vocês. Andem enquanto vocês têm a luz, para que não sejam surpreendidos pelas trevas. E quem anda nas trevas não sabe para onde vai. 

36a  Enquanto vocês têm a luz, creiam na luz, para que se tornem filhos da luz.

44 E Jesus clamou, dizendo: — Quem crê em mim crê não em mim, mas naquele que me enviou.

45  E quem vê a mim vê aquele que me enviou. 

46  Eu vim como luz para o mundo, a fim de que todo aquele que crê em mim não permaneça nas trevas. 

47  Se alguém ouvir as minhas palavras e não as guardar, eu não o julgo. Porque eu não vim para julgar o mundo, e sim para salvá-lo. 

48  Quem me rejeita e não recebe as minhas palavras tem quem o julgue; a própria palavra que falei, essa o julgará no último dia. 

49  Porque eu não falei por mim mesmo, mas o Pai, que me enviou, esse me ordenou o que dizer e o que anunciar.

50  E sei que o seu mandamento é a vida eterna. Portanto, as coisas que eu digo, digo exatamente assim como o Pai me falou.

36b Depois de dizer isso, Jesus foi embora e ocultou-se deles.

Entendendo o texto

Jesus ainda está falando à multidão. Esclarece que veio com o firme propósito de ser feito em sacrifício pelos salvos. Ao declarar isto, o Pai, pela terceira vez, fala lá do céu e o consola.

Ao ouvirem a voz, a multidão se divide em opiniões diferentes. Na verdade,  mais uma vez, exercem conscientemente a negação do óbvio; eles operam uma consciente negação de que o Pai falava com Jesus. É como se segurassem um copo de água mas afirmando ser uma tocha de fogo.

Jesus lhes diz que as palavras do Pai são uma testificação para eles próprios. Para os discípulos, uma palavra de consolo, para os incrédulos, uma palavra de condenação.

Finalmente Satanás será expulso do céu quando Jesus for crucificado. Este benefício a humanidade inteira irá desfrutar. Vemos aqui a prova de que as obras de Deus beneficiam até os que o odeiam e negam o seu nome. O mundo inteiro se beneficia do que o cristianismo propõe. 

Aplicações e implicações

Hospitais nasceram com os cristãos. Universidade surge nas igrejas cristãs. Democracia plena só é possível sustentada nos princípios cristãos (At 6.3). Mil anos, aproximadamente, antes de Cristo a Bíblia já fala em acolher os imigrantes e refugiados (Ex 22.21); em acudir órfãos e idosos (Sl 146.9). É o cristianismo a primeira "ideologia" a defender que mulheres tem igual valor aos homens, que todas as raças são iguais e que não deve haver escravidão nem exploração de seres humanos por outros seres humanos. Deus faz o sol nascer sobre justos e injustos (Mt 5.45).

"Atrairei todos a mim" (v.32). Tudo é centrado em Jesus. Ele divide o mundo em 2: os salvos e os perdidos; uns à sua direita, outros à sua esquerda. A história da humanidade será agora dividida em antes de Cristo, depois de Cristo.

A multidão entendeu que Jesus falava de sua morte e retrucou dizendo que a Lei afirmava que o Cristo viveria para sempre. Em resposta Jesus faz referência a si como a Luz do mundo que estaria por pouco tempo entre eles. O mundo já em profundas trevas, mas quem crê em Jesus, tem a luz para não perecer na escuridão. De certa forma, Jesus convida aquela multidão a crer nele. Infelizmente, a maioria não creu.

Entretanto, o que Cristo não revela para a multidão, mas sim para seus discípulos, é que em carne, Jesus se ausentaria. Todavia, em espírito ele permaneceria. Seu corpo continua na terra através da Igreja. "Eis que estou convosco todos os dias até a consumação do séculos (Mt 28.20). Cristo é o cabeça e os discípulos o corpo (1Co 12). E cada pessoa individualmente, é uma fagulha desta Luz. "Vós sois a luz do mundo" (Mt 5.14).

No verso 31 Jesus diz que será exercido um julgamento e que Satanás será expulso. No verso 47 diz que Jesus não julga e no 48 diz que os  incrédulos já estão julgados.

Há um jogo de palavras aqui. No grego, as palavras utilizadas podem ser traduzidas como separar, dividir, seleciona, condenar, julgar. Como eu entendo estes versos?

Jesus não emite sentença condenatória contra as pessoas que o rejeitam. Os incrédulos, no exercício de sua incredulidade, testemunham conta si mesmas. Rejeitar Jesus equivale a um julgamento de réu confesso. O promotor não precisa tentar provar que o réu cometeu crime. Basta ao juiz decretar a penas de acordo com o previsto em lei.

No verso 31 podemos entender que o sentido deve ser tomado como julgamento propriamente dito. Jesus julga e expulsa Satanás no ato de morrer na cruz. A autoridade do Diabo na terra é removida. Daí o fato de crentes e não crentes se beneficiarem da obra de Cristo.

Nos verso 47 o sentido deve ser o de separação. Jesus apenas separa os escolhidos para escapar da condenação. Na verdade, toda a humanidade já está condenada. Não há um justo sequer. Todos morreram e carecem da misericórdia de Deus. Aqueles a quem Deus amou, enviou Jesus para morrer e pagar a dívida, e assim os libertar. Neste sentido, Jesus está separando os eleitos do não eleitos.

No verso 48 Jesus diz que a sentença condenatória é emitida no ato de os incrédulos exercerem suas incredulidades; sua recusa em confessar Jesus como o Senhor. Cristo não oferece prisão a todos porque todos estão condenados. Ele oferece libertação. Ele abre as portas da cadeia e liberta. Ele não lança ninguém la´porque todos já estão lá. E são libertos aqueles que exercem fé e arrependimento.

A que conclusão chegamos é:

Jesus não morreu efetivamente por todos, apenas pelos eleitos. Isto está claro não apenas nas Escrituras como na prática. Eu e você conhecemos pessoas que não confessaram Jesus como Senhor. Logo, a morte de Cristo na cruz não teve efeito sobre elas. 

Com esta afirmação não estamos dizendo que Cristo não tenha poder para salvar o mundo inteiro. Nem ao menos que Cristo não tenha o sentimento de compaixão. A Bíblia diz que ele chorou de lamento ao ver que Jerusalém não o reconheceu como o Messias. O que afirmamos é o evidente: muitas pessoas não desfrutarão da salvação proposta na cruz.

Por que Jesus me amou e me escolheu para escapar da condenação eterna? Não sei. Isto é um mistério que só saberemos após o juízo final. Eu não posso explicar o motivo pelo qual Jesus me ama. Eu só posso sentir os efeitos deste amor na minha vida, ser grato e humilde. Não há nada de bom em mim que me faça merecer a salvação. Eu sou um pecador condenado. Jesus cancelou os efeitos da condenação e isto não quer dizer que eu sou bom e puro em essência.

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