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Não assassinarás


Não Assassinarás.

Por que não é correto assassinar? Por que Deus disse que não se deve matar e criou a lei do olho por olho, dente por dente? Suicídio é pecado? Eutanásia? Aborto? Pena de morte?

Ouvistes que foi dito aos antigos: “Não matarás; mas quem assassinar estará sujeito a juízo”. Eu, porém, vos digo que qualquer que se irar contra seu irmão estará sujeito a juízo. Também qualquer que disser a seu irmão: Racá, será levado ao tribunal. E qualquer que o chamar de idiota estará sujeito ao fogo do inferno - Mt 5.21,22

Muitas questões. Como entendê-las, diferenciá-las e praticá-las à luz do sexto mandamento moral e universal: Não Matarás! 
Diferença entre assassinar e matar.

Creio que a primeira coisa a se fazer é entender a diferença entre assassinar e matar. Isto porque o termo dito por Deus em Ex 20.13 é mais corretamente traduzido pelo português não assassinarás.

Há 3 palavras no hebraico traduzidas por matar, cujos sentidos podem ser: matar acidentalmente, assassinar, matar com legitimidade.

Há várias situações em que uma pessoa causa a morte de outra:
  1. Um acidente, uso inadequado de uma ferramenta, uma "brincadeira" etc.
  2. Matar em legítima defesa, em situação de guerra, em defesa de terceiros etc.
  3. Matar por ódio e com planejamento,  por motivação fútil, ganância etc.
No terceiro caso, normalmente usamos o termo assassinar. Por isso, o sexto mandamento dever ser entendendo como não assassinarás.

Por que não é correto assassinar?
Em nenhuma cultura isto é moralmente aceito. Foi Deus, o autor da vida, quem nos criou e colocou em nós este princípio. Foi o pecado que introduziu a morte no mundo. Satanás é "homicida desde o princípio". Ele é o autor da morte.

À luz do sexto mandamento, vamos refletir sobre algumas situações de morte: suicídio, eutanásia e aborto.

a) Suicídio
Em condições normais, ninguém quer morrer. Há um princípio eterno colocado na alma de todo homem que o faz desejar a vida. Além disso, a vida de cada um de nós não nos pertence. Elas pertencem a Deus. "Deus deu, Deus tira". Somente ele tem poder sobre isso. Assim sendo, devemos tratar o suicídio como um pecado horrível. 

A despeito disso, não podemos tratar aqui de salvação. Um suicida perde a salvação? Não temos a capacidade de decidir ou julgar quanto a isto, pois Deus não nos revelou nas Escrituras. Somente precisamos considerar que há casos provados de saúde mental que levam uma pessoa a cometer um suicídio. Em síntese, não cabe a nós julgar um suicida do ponto de vista de salvação eterna.

b) Eutanásia
O termos significa "boa morte". Basicamente, seria assistir alguém em fase terminal da vida a ter uma morte sem dor. Entretanto, muitos têm defendido a ideia de um homicídio assistido. Dar qualquer tipo de assistência para que uma pessoa doente morra, é um assassinato. Por outro lado, prolongar a vida vegetativa de uma pessoa pode ser mais cruel do que um ato de misericórdia. 

Há aqui uma sutil e tênue diferença entre interromper um tratamento que prolongue uma vida e administrar remédios que matem uma pessoa. Ajudar um idoso ou um doente terminal a suicidar-se é diferente de não prolongar a vida vegetativa. 

c) Aborto
O Salmo 139.13 afirma que um feto é uma obra criadora de Deus. Por mais que consigamos ver a formação natural de um bebe, há algo divino nisto. Já está provado que tão logo o espermatozoide fecunda o óvulo, há a formação do DNA, que é o código genético que determina toda a vida biológica.

Aristóteles, o filósofo dizia que um ser o é em ato e potência. Uma semente de laranja não é uma laranja em ato, mas em potência. Ou seja, uma laranja só existe porque ele foi uma semente antes. Um ser humano só um ser humano porque em uma fração de minutos ele foi um zigoto.

Um feto é uma vida humana. Tirar um feto é tirar uma vida. A ciência já provou que o feto não é uma extensão do corpo de uma mulher. É um ser independente dela. Aborto é assassinato, independente da motivação.

Por que Deus disse que não se deve matar e criou a lei do olho por olho, dente por dente?
Em Êxodo 2. ,24,25 lemos: Quem ferir um homem, levando-o à morte, certamente será morto (...) olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé, queimadura por queimadura, ferimento por ferimento, golpe por golpe (o grifo é meu).

Parece contraditório que o Deus que diz para não matar, agora manda matar. E não é somente aqui mas em muitas outras ocasiões, Deus mandou matar. Já distinguimos entre matar e assassinar. E ficou claro que o sexto mandamento proíbe assassinar. Fica implícito que em algumas situações, é lícito tirar a vida de alguém. Vejamos.

a) Legítima defesa
Êx 22.2 - Se o ladrão for achado roubando, e for ferido, e morrer, o que o feriu não será culpado do sangue. Usado com o princípio, este texto nos mostra que matar para defender a sua própria vida ou a de terceiros, não é assassinato.

b) Em tempos de guerra
O livro de Josué, os de Samuel e Reis temos várias passagens onde Deus, literalmente, ordena a matança de muitos pessoas. Sairia do escopo deste sermão de hoje detalhar este particular. Porém, o que fica claro é que em tempos de guerra, ou de violência, como a causada por traficantes, matar não é assassinato.

c) Pena de morte
Talvez o grande problema da pena de morte é que ela muitas vezes é usada para "legitimar" a vingança e o assassinato racista. Também temos uma dificuldade com relação a oportunidade de salvação. Sabemos que Jesus pode perdoar e salvar um assassino se este se arrepender. Matando o assassino, ele perde a chance de nascer de novo.

Todavia, da perspectiva bíblica, uma pessoa que cometeu assassinato e o Estado a condena à morte não há injustiça. O réu colheu o que plantou.

Quanto a perspectiva de salvação, o ladrão na cruz é a prova de que este assunto pertence exclusivamente a Deus.

O que Jesus disse sobre o sexto mandamento?

Há duas considerações sobre o que Jesus disse sobre o sexto mandamento

a) Odiar é igual a assassinar
Os hipócritas podem não cometer um assassinato na prática, mas cultivam o ódio por uma pessoa, desejando-lhe todo tipo de mal. Jesus disse que este sentimento e atitude ódio é o mesmo que assassinar.

b) Abrir mão do direito 
Jesus não revoga a lei do talião, mas ensina-nos a ir além. Não exercer o direito de matar um assassino significa não exercer a justa vingança e entregar a Deus o exercício da justiça. Nós podemos errar, ainda que sinceramente, mas Deus não erra nunca.


Conclusão
O sexto mandamento nos proíbe de cometer assassinato. Jesus ensina que o assassinato não se dá apenas quando literalmente tiramos a vida de alguém, mas quando odiamos e ou deixamos de fazer o bem para qualquer pessoa, ainda que esta seja o meu maior inimigo.

A perfeita compreensão das implicações do sexto mandamento nos ajuda a viver em paz e, principalmente, ter paz e a promover a paz.


Img: Os Dez Mandamentos, por Spagnoletto,1638 https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/4/4c/Moses041.jpg/320px-Moses041.jpg

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