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Sola Scriptura versus Magistério e Tradição. Quem tem autoridade (a)final?


Católicos e protestantes divergem quanto à fonte de autoridade em matéria de fé. Católicos sustentam o tripé Bíblia + Tradição + Magistério, enquanto os protestantes, Sola Scriptura.

Vamos abordar isso com rigor teológico, partindo da perspectiva protestante reformada, especialmente sob o princípio da doutrina de que somente a Escritura Sagrada é a regra infalível de fé e prática para o cristão e em seguida os melhores argumentos da perspectiva católica romana.

PRINCIPAIS ARGUMENTOS PROTESTANTES

1. Autoridade exclusiva da Escritura (2Tm 3.16–17)

“Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça, para que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.”

Argumento:
Paulo declara que a Escritura é suficiente para tornar o homem de Deus “perfeito” e “plenamente preparado”. Se ela é suficiente, nenhuma outra fonte (tradição ou magistério) é necessária como norma de fé infalível.

 2. A tradição humana pode corromper a verdade divina (Mc 7.6–9)

“Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim... Invalidando a palavra de Deus pela vossa tradição.”

Argumento:
Jesus repreende os líderes religiosos por elevarem tradições humanas ao nível da revelação divina. Os reformadores viram nisso um paralelo direto com o desenvolvimento da tradição eclesiástica medieval, que, ao longo do tempo, substituiu a autoridade das Escrituras por decretos e dogmas humanos.

3. A Escritura é a única revelação escrita inspirada

Argumento:
Os apóstolos nunca ensinaram que a tradição oral teria o mesmo peso da Escritura. O cânon bíblico se encerra com os escritos apostólicos, e toda doutrina posterior deve ser testada pela Escritura (cf. At 17.11; Gl 1.8–9).

“Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos pregamos, seja anátema.” (Gl 1.8)

4. O Magistério cria um círculo vicioso de autoridade

Argumento lógico:
A Igreja Católica ensina que:

  1. A Escritura é inspirada, porque o Magistério assim o declara.
  2. O Magistério é infalível, porque a Escritura (segundo sua própria interpretação) o confirma.

Isso cria um raciocínio circular — a autoridade do Magistério depende da Escritura, mas a autoridade da Escritura depende do Magistério.
O Sola Scriptura rompe esse círculo, afirmando que a Escritura testifica de si mesma como Palavra de Deus (autopistia), sem depender da Igreja para legitimar sua autoridade.

5. A Igreja é serva, não senhora da Palavra

“Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, sendo Cristo Jesus a principal pedra angular.” (Ef 2.20)

Argumento:
A Igreja é construída sobre o fundamento já lançado pelos apóstolos e profetas — isto é, sobre a revelação escrita. Ela não é a fonte da revelação, mas seu guardião e intérprete subordinado. Logo, quando o Magistério se coloca acima da Escritura (por exemplo, ao declarar dogmas sem base bíblica clara), ele ultrapassa sua autoridade legítima.

6. A clareza e acessibilidade das Escrituras (Sl 19.7–8; 119.105)

“A lei do Senhor é perfeita... o testemunho do Senhor é fiel, e dá sabedoria aos simples.”

Argumento:
A Palavra de Deus é suficientemente clara para ser compreendida por qualquer crente iluminado pelo Espírito Santo. O magistério eclesiástico, ao se declarar intérprete exclusivo e infalível, nega a clareza da revelação divina e retira do povo de Deus o direito de examinar as Escrituras (cf. At 17.11).

7. A história mostra contradições dentro da própria tradição

Argumento histórico:
A tradição e o magistério não são uniformes:

  • O que era negado por um papa foi afirmado por outro.
  • Concílios se contradisseram em pontos (ex: concílio de Constança vs. Vaticano I).
    • Constança (1415) afirmou: “O concílio é superior ao papa.”
    • Vaticano I (1870) afirmou: “O papa é superior a qualquer concílio e é infalível.”
      • Portanto, há uma contradição estrutural entre os dois:
        • Eclesiologicamente: quem tem a autoridade final — o corpo ou o cabeça?
        • Historicamente: a própria unidade papal foi restaurada por uma decisão que o Vaticano I, séculos depois, consideraria inválida.
  • Doutrinas como a Imaculada Conceição e a Infalibilidade Papal foram desconhecidas nos primeiros séculos, surgindo tardiamente.

Isso demonstra que a tradição não é estável nem imutável, e, portanto, não pode ser uma fonte infalível.

8. O Espírito Santo guia o crente à verdade pela Escritura

“Quando vier o Espírito da verdade, ele vos guiará em toda a verdade.” (Jo 16.13)

Argumento:
O Espírito Santo é quem ilumina a mente e o coração para compreender a Palavra.
A dependência do magistério como mediador da verdade nega o sacerdócio universal dos crentes e a ação direta do Espírito no povo de Deus.

PRINCIPAIS ARGUMENTOS CATÓLICOS

Agora vamos mudar a lente. O objetivo aqui é apresentar os melhores argumentos católicos clássicos, tanto bíblicos quanto históricos, usados para sustentar que a revelação divina foi confiada à Igreja em forma de Escritura e Tradição, e que o Magistério é o intérprete autorizado de ambas.

1. A revelação divina não está apenas na Escritura

“Assim, irmãos, permanecei firmes e guardai as tradições que vos foram ensinadas, seja por palavra, seja por carta nossa.” — 2 Tessalonicenses 2.15

Argumento:
Paulo deixa claro que há duas formas legítimas de transmissão da fé:

  • por palavra (oral) → Tradição,
  • por carta (escrita) → Escritura.

A Bíblia, portanto, não ensina o Sola Scriptura; pelo contrário, reconhece a autoridade da tradição apostólica oral, que foi transmitida antes e junto com os escritos. O catolicismo entende que essa Tradição foi preservada pela Igreja e guiada pelo Espírito Santo.

2. A Igreja precede o Novo Testamento

 Argumento histórico-teológico:
A Igreja existia antes da Bíblia completa. Por décadas, os cristãos viveram a fé sem um Novo Testamento compilado — apenas com a pregação apostólica e as Escrituras do Antigo Testamento.

“A fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Cristo.” (Rm 10.17)

Durante esse tempo, a autoridade residia na Igreja e em seus apóstolos e sucessores, não em um livro completo. Assim, a Bíblia nasceu no seio da Igreja, e não o contrário.

Logo, a Igreja não depende da Escritura para existir, mas a Escritura depende da Igreja para ser reconhecida e transmitida.

3. O cânon bíblico foi definido pelo Magistério

Argumento histórico:
Os livros da Bíblia não se autodefinem; em nenhum lugar do texto bíblico há uma lista oficial do que é “Escritura inspirada”.
Foi a Igreja, por meio de concílios e bispos, quem discerniu quais livros eram inspirados — ex:

  • Concílio de Hipona (393),
  • Concílio de Cartago (397 e 419),
  • Ratificados em Trento (1546).

Portanto, sem o Magistério, não haveria certeza sobre o cânon bíblico.
A própria confiança no Novo Testamento depende da autoridade eclesial que o reconheceu.

4. A Bíblia requer interpretação autorizada

“Entende o que lês?... Como poderei entender, se alguém não me explicar?”
— Atos 8.30–31

Argumento:
O eunuco etíope tinha as Escrituras, mas não as compreendia sem orientação.
Isso ilustra que a Escritura não é autoexplicativa e requer uma interpretação guiada pelo Espírito Santo — que, segundo João 16.13, foi prometido à Igreja, não a indivíduos isolados.

Por isso, o catolicismo ensina que o Magistério (Papa e bispos em comunhão) é o intérprete autêntico e guardião da verdade, prevenindo desvios e divisões.

5. O Espírito Santo garante a infalibilidade da Igreja

“Quando vier o Espírito da verdade, ele vos guiará em toda a verdade.” (Jo 16.13)
“Eis que estarei convosco todos os dias, até o fim dos tempos.” (Mt 28.20)

Argumento:
Jesus prometeu assistência permanente do Espírito Santo à Sua Igreja.
Essa promessa garante que a Igreja não pode errar em matéria essencial de fé e moral, pois o próprio Cristo a conduz.

A infalibilidade papal e conciliar não é entendida como impecabilidade humana, mas como preservação sobrenatural do erro doutrinário quando a Igreja fala oficialmente “ex cathedra”.

6. A Escritura sozinha leva à fragmentação doutrinária

Argumento prático e histórico:
A Reforma, ao afirmar o Sola Scriptura, produziu milhares de denominações com interpretações contraditórias da mesma Bíblia. Isso mostra que, sem um Magistério comum, a unidade da fé se perde.

“Haja um só corpo e um só Espírito... uma só fé, um só batismo.” (Ef 4.4–5)

O Magistério serve para garantir a unidade visível e doutrinária da Igreja, impedindo que a fé cristã se fragmente em múltiplas versões subjetivas.

7. A Tradição é a vida contínua da Igreja

Argumento teológico:
A Tradição não é um “acréscimo” à Escritura, mas a transmissão viva da mesma fé apostólica através dos séculos. É como o “fio contínuo” que mantém a mensagem de Cristo viva, compreendida e aplicada em contextos diferentes.

“O que de mim ouviste... confia-o a homens fiéis, que sejam capazes de instruir outros.” (2Tm 2.2)

Essa cadeia de transmissão é a base da Sucessão Apostólica, que preserva a fé contra deturpações.

8. A Escritura e a Tradição são complementares, não rivais

“A Sagrada Tradição e a Sagrada Escritura constituem um só depósito sagrado da palavra de Deus.”
Concílio Vaticano II, Dei Verbum, §10

Argumento:
Deus não revelou tudo de forma escrita; parte da revelação foi transmitida oralmente e vivida na Igreja. A Escritura e a Tradição, juntas e harmoniosamente, formam o Depósito da Fé, interpretado pelo Magistério sob a assistência do Espírito Santo.

O Magistério, portanto, não está acima da Palavra, mas a seu serviço, para interpretá-la fielmente e guardá-la de interpretações errôneas.

Conclusão

Do ponto de vista do teólogo protestante, a tradição e o magistério:

  • Podem ter valor histórico e pastoral, mas não possuem autoridade normativa,
  • Devem ser avaliados e corrigidos pela Escritura, e nunca o contrário.

O Sola Scriptura, portanto, não rejeita toda tradição — mas rejeita a ideia de que a tradição ou o magistério sejam infalíveis ou necessários para complementar a Palavra de Deus.

O Sola Scriptura entende como sendo uma contradição a afirmação Católica de que Tradição e Magistério não estão acima das Escrituras, porém, quando a Bíblia condena explicitamente uma ação que a Tradição e o Magistério aprovam, ela a Palavra de Deus é preterida.

Quadro Comparativo

 

Sola Scriptura

Scriptura + Tradição + Magistério

Autoridade final

A Escritura somente

A revelação divina confiada à Igreja em duas formas: Escritura e Tradição

Garantia de verdade

Iluminação individual do Espírito Santo

Assistência infalível do Espírito Santo ao Magistério

Unidade da fé

Diversidade de interpretações

Unidade doutrinária sob o Magistério

Origem da Bíblia

Autenticada por si mesma

Reconhecida e preservada pelo Magistério

Função da Tradição

Secundária e subordinada

Fonte viva e complementar da revelação

 

O Magistério católico tem na pessoa do Papa sua mais alta fonte de autoridade. Em outras palavras, o Magistério não é um Conselho democrático. O Papa exerce autoridade e é infalível em suas decisões “ex cathedra”.

Os Papas João XII, Bento IX, Alexandre VI foram acusados de praticaram orgias, imoralidade sexual, adultério, simonia e assassinato. Foram condenados e nenhum católico sincero passa pano para esses pecados. Contudo, qual a fonte de autoridade máxima condena esses homens? As Escrituras. Sem a Bíblia, esses homens estariam sem culpa e sem pecado.

Segundo a doutrina Católica, pecados mortais (capitais) devem obrigatoriamente serem confessados, sob pena de não serem absolvidas. A Tradição listava 8 pecados capitais. O Papa Gregório tirou a preguiça e adicionou a inveja. Tomás de Aquino redigiu a versão que até hoje é conhecida, com 7 pecados, tirando a tristeza e considerando Orgulho e Vaidade como sinônimos.

Evagrio (345-399)

Gregório I (540-604)

Aquino (1225-1274)

Gula

Luxúria

Avareza

Ira

Preguiça

Tristeza

Vaidade

Orgulho

Gula

Luxúria

Avareza

Ira

Inveja

Tristeza

Vaidade

Orgulho

Gula

Luxúria

Avareza

Ira

Inveja

Preguiça

 

Orgulho

 

O pecado da tristeza é o sentimento que hoje chamamos de depressão. Onde na Bíblia diz que tristeza é um pecado? Porém, até que Aquino removesse a tristeza dos pecados capitais...

Entre os séculos XIV e XV tivemos dois papas simultâneos, que se excomungaram mutuamente. E um terceiro, que também reivindica sua legitimidade. Aqui não é o caso de fazer juízo de valor da Igreja ou seus fiéis, mas sim, verificar que o Magistério erra “ex cathedra” também. Se cometeu um único erro, não é infalível. Infalível Sola Scriptura.

O Sola Scriptura surgiu não como mera teoria, mas como reação ao colapso moral e teológico do sistema eclesiástico medieval.

Consideremos também o que se pode chamar de contradição das Bulas papais. As bulas têm força normativa e declaratória e consideradas infalíveis em matéria de fé e moral.

O Papa Bonifácio VIII emite uma Bula onde declara que é absolutamente necessário ao fiel católico estar sujeito ao Pontífice Romano para a salvação. No Concílio de Constança, essa autoridade foi limitada e que a autoridade e transferida para os concílios ecumênicos e não à pessoa do Papa.

Novamente, sem fazer juízo de valor individual, o que salta aos olhos é que há uma contradição inquestionável. Ou o Papa teve, tem e sempre terá ou nunca teve autoridade infalível. Ou o Para Bonifácio VIII estava errado ou o Concílio de Constança.

Outras contradições do tipo estão documentadas. Isso nos leva a concluir, com base em fontes documentais históricas, que as Bulas não são imutáveis, que o Magistério se corrigiu (e se corrige) ao longo do tempo.

 Logo, Sola Scriptura é infalível, portanto, autoridade máxima em matéria de fé.

CONSIDERAÇÕES SOBRE ALGUNS DOGMAS CATÓLICOS QUE NÃO TÊM BASE BÍBLICA OU ATÉ MESMO A CONTRADIZEM

Vamos conferir agora alguns dos principais dogmas católicos que se baseiam primariamente na Tradição e não encontram apoio explícito (ou até entram em tensão) com a Bíblia, especialmente considerando o cânon protestante de 66 livros.

1. Imaculada Conceição de Maria

Esse dogma define que Maria foi concebida sem o pecado original. Foi editado pelo Papa Pio IX, em 1854 (Ineffabilis Deus).

A base desse dogma é a Tradição e desenvolvimento teológico posterior dos Padres da Igreja. Quais são os seus problemas:

  • Nenhum texto bíblico afirma que Maria nasceu sem pecado.
  • Ao contrário, Rm 3.23 diz: “Todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”.
  • Em Lc 1.47, a própria Maria declara: “Meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador”, reconhecendo necessidade de salvação — o que pressupõe pecado.

2. Assunção de Maria

Foi somente em 1950 que o Papa Pio XII, na bula (Munificentissimus Deus, promulgou que Maria foi levada ao céu, corpo e alma, após sua morte.

Esse dogma baseia-se em tradições medievais e escritos apócrifos (como o Transitus Mariae). Todavia:

  • Nenhuma passagem bíblica relata ou sugere a assunção corporal de Maria.
  • A única assunção corporal relatada nas Escrituras é a de Jesus (At 1.9–11) e, tipologicamente, Enoque e Elias, mas nada é dito sobre Maria.

3. Mediação e intercessão dos santos

Dogma: Os santos no céu podem interceder por nós é uma tradição baseada em Tradição e raciocínio teológico posterior.

Problema bíblico:

  • A Bíblia ensina há um só mediador entre Deus e os homens: Jesus Cristo (1Tm 2.5).
  • A oração e intercessão são dirigidas somente a Deus (Mt 6.9; Jo 14.13–14).
  • Não há exemplo bíblico de alguém orando a mortos piedosos.

4. Culto e veneração a Maria (hiperdulia)

Maria pode ser venerada acima de todos os santos, como “Mãe de Deus” (Theotokos) está sustentada na tradição patrística e no concílio de Éfeso (431 d.C.).

  • Embora Maria seja honrada por ser mãe do Salvador (Lc 1.28,48), nunca é apresentada como objeto de devoção, oração ou intercessão.
  • Jesus rejeita qualquer veneração indevida a ela (Lc 11.27–28; Mc 3.31–35).
  • A ênfase bíblica é sempre na centralidade exclusiva de Cristo.

5. Outros dogmas

Além desse, os dogmas do Purgatório, Celibatário obrigatório do clero, a transubstanciação, a infalibilidade papal, indulgências e boas obras como mérito de salvação são outros ensinos que não encontram base bíblica. Não as detalharei aqui para não ser extenso, mas uma pesquisa rasa na internet fornecerá detalhes a qualquer pesquisador.

 

Citações do Antigo Testamento pelos autores do Novo Testamento

No Novo Testamento encontramos mais de 50 vezes a palavra Escritura(s), referindo-se ao que é o nosso Antigo Testamento Protestante (não há referência a livros deuterocanônicos/apócrifos).

Vamos fazer uma análise técnica, considerando citações diretas, alusões claras e referências reconhecidas pelos estudiosos.

1. Critério de Contagem

Antes de dar o número, é importante esclarecer que as estimativas variam conforme o critério usado pelos estudiosos:

Tipo de referência

Descrição

Citação direta

Texto do Antigo Testamento reproduzido quase literalmente. Ex: “Está escrito...” (Mt 4.4)

Alusão clara

Referência implícita a um texto do AT, mas sem citação literal. Ex: temas messiânicos ou expressões de profetas.

Eco teológico

Ideias, imagens ou padrões narrativos baseados no AT (ex: Jesus como novo Moisés).

 

 2. Estimativas acadêmicas

Diversos estudiosos fizeram levantamentos detalhados, e o resultado depende do grau de “rigor” com que se definem as citações. Eis um resumo comparativo dos números mais reconhecidos:

Fonte / Estudo

Critério

Número aproximado de citações e alusões

Aland, Synopsis Quattuor Evangeliorum

Citações diretas e paralelos

~ 160 citações diretas

Nestle-Aland (NTG 28ª ed.)

Citações formais com fórmulas (“está escrito”, “diz o profeta”)

~ 295 citações explícitas

Gleason Archer & G.C. Chirichigno, Old Testament Quotations in the New Testament

Citações + alusões claras

~ 340

D.A. Carson & G.K. Beale, Commentary on the New Testament Use of the Old Testament

Citações + alusões teológicas

~ 600

Bruce Metzger, The New Testament: Its Background, Growth, and Content

Inclui ecos e alusões indiretas

~ 800 a 1000 referências

Com agregados de ecos e alusões temáticas (contagem máxima)

Citações, alusões e ecos

entre 1.000 e 1.300 passagens do AT são usadas no NT


3. Distribuição por Livros do Novo Testamento

Os livros mais “hebraicamente saturados” do Novo Testamento são:

Livro

Citações/Referências do AT

Observações

Mateus

~130

Evangelho mais judaico; muitas profecias messiânicas (“para que se cumprisse...”).

Marcos

~70

Breve, mas com ênfase profética.

Lucas

~100

Ênfase em profecias e no cumprimento em Cristo.

João

~60

Menos citações diretas, mas muitos “ecos teológicos” (Êxodo, Gênesis).

Atos

~80

Mostra o uso do AT na pregação apostólica.

Romanos

~90

Paulo cita abundantemente o AT para fundamentar a doutrina da justificação.

Hebreus

~100

O mais teologicamente dependente do AT — especialmente dos Salmos, Êxodo e Levítico.

Apocalipse

~250 alusões

Não cita literalmente, mas é impregnado de imagens veterotestamentárias (Isaías, Ezequiel, Daniel, Êxodo).

 

4. Os Livros do AT Mais Citados

Livro do AT

Nº de citações/alusões

Exemplo de uso

Salmos

~80–90

Cristo como cumprimento das promessas messiânicas (Sl 2, 22, 110).

Isaías

~60–70

Profecias messiânicas, servo sofredor (Is 7.14; 53).

Deuteronômio

~50

Usado por Jesus nas tentações (Mt 4.4,7,10).

Êxodo

~40

Libertação e aliança como tipologia de Cristo.

Gênesis

~35

Criação, Abraão, justificação pela fé.

Levítico

~20

Sacrifício e pureza (cumpridos em Cristo).

Provérbios, Jeremias, Daniel

~15–20 cada

Temas éticos, escatológicos e do Reino.


5. Síntese Teológica

  • O Novo Testamento é profundamente enraizado no Antigo; quase um quarto de seus versículos contém alguma forma de referência ao AT.
  • As citações não são apenas decorativas, mas hermenêuticas — o NT interpreta o AT à luz de Cristo (Lc 24.27).
  • Essa intertextualidade confirma que o plano redentivo é contínuo: o AT prepara o caminho, o NT o cumpre.

6. Conclusão Numérica

Categoria

Estimativa

Citações diretas (com fórmulas explícitas)

~295

Alusões claras e parafraseadas

~550

Ecos e referências teológicas indiretas

~450

Total aproximado (geral)

cerca de 1.000 a 1.200 referências do Antigo Testamento no Novo Testamento

 

Que conclusões chegamos aqui?

  • Os autores neotestamentários tinham como autoridade máxima a Escritura, não a tradição.
  • A tradição que Paulo se refere é a tradição de consultar as escrituras.
  • Os bereanos não confiaram na tradição que Paulo pregava, mas na Escritura.
  • Jesus condenou a tradição dos fariseus, ainda que elas tivessem certa base nas Escrituras, mas foram distorcidas e se transformaram em fardos.
  • Pedro compara as cartas de Paulo as Escrituras – 2Pe 3.16.
  • Paulo insta aos Tessalonicenses e Colossenses que lessem suas cartas.
  • Apocalipse deveria ser lido pelos destinatários – Ap 1.13

 

A tradição pode ser útil, mas não normativa. Entre a tradição e a Bíblia, Sola Scripura.

“(...) As Escrituras Sagradas, as quais lhe podem dar a sabedoria que leva à salvação, por meio da fé em Cristo Jesus. Pois toda a Escritura Sagrada é inspirada por Deus e é útil para ensinar a verdade, condenar o erro, corrigir as faltas e ensinar a maneira certa de viver. 2 Timóteo 3.15,16.





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